Um projeto de lei que pode mudar o rumo das criptomoedas nos Estados Unidos está prestes a ser votado no Senado, e já causa forte reação entre grupos progressistas.
A chamada Lei GENIUS — Guidance and National Innovation for U.S. Stablecoins — propõe uma estrutura regulatória para as stablecoins, moedas digitais com valor estável atrelado ao dólar.
O projeto conta com o apoio da indústria cripto e de parte do Partido Democrata, mas vem sendo criticada por associações civis e parlamentares preocupados com a influência política e os interesses financeiros do presidente Donald Trump.
A polêmica ganhou força após Trump anunciar um jantar privado com os maiores compradores de suas memecoins — criptomoedas promocionais ligadas à sua imagem.
Além disso, ele e sua família teriam participação em uma empresa emissora de stablecoins, o que levanta suspeitas de conflito de interesse direto.
Para a senadora Elizabeth Warren, aprovar a lei seria “normalizar a corrupção aberta” e permitir que o presidente enriqueça com ativos digitais enquanto está no cargo.
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Em carta enviada ao Senado, organizações como Indivisible, Americans for Financial Reform e a nova Democracy Defenders Action alertam para os riscos do projeto.
“Se aprovado, ele daria espaço para bilionários como Trump e Elon Musk lucrar com stablecoins de alto risco, com pouca supervisão e grandes brechas para abusos”, diz um trecho da petição.

A proposta prevê regras para as reservas obrigatórias das stablecoins, com o objetivo de evitar colapsos como o da Terra (UST), que desmoronou em 2022.
Mas críticos dizem que a lei abre caminho para que empresas de tecnologia emitam suas próprias moedas digitais, aumentando sua concentração de poder e colocando a estabilidade financeira dos consumidores em risco.
Apesar das críticas, senadores democratas como Ruben Gallego, Kirsten Gillibrand, Angela Alsobrooks e Mark Warner estariam negociando ajustes com republicanos para viabilizar a aprovação.
No entanto, sem mudanças mais rígidas, os opositores prometem intensificar a mobilização.
Para além das stablecoins, a Lei GENIUS é vista como um marco inicial para inserir definitivamente as criptomoedas no sistema financeiro dos EUA — o que está sendo feito, segundo opositores, ao custo da ética e da transparência na política.
O que dizem os grupos progressistas
Segundo a Action Network, a Lei GENIUS é “catastrófica” e permitiria que bilionários criassem, promovessem e lucrassem com criptomoedas de alto risco sem qualquer supervisão federal.
Em sua petição, a entidade alerta que o projeto legalizaria moedas digitais financiadas por investidores estrangeiros duvidosos, enfraqueceria as proteções financeiras existentes e permitiria vigilância em massa de consumidores americanos.
A denúncia mais grave diz respeito a um acordo bilionário da família Trump com um fundo dos Emirados Árabes Unidos, no valor de US$ 2 bilhões, intermediado por meio de uma stablecoin de propriedade da própria família.

Segundo o Action Network, uma das empresas envolvidas no negócio é a Binance — que recentemente admitiu culpa em um processo de lavagem de dinheiro nos EUA.
Para os críticos, o projeto de lei abriria as portas para a legalização desse tipo de prática, institucionalizando corrupção internacional.
Já a Indivisible, outra importante organização cívica dos EUA, afirma que o projeto — embora disfarçado como um esforço de regulamentação — é, na prática, uma brecha para legalizar subornos e fraudes usando criptomoedas.

A entidade afirma que Trump já lançou várias moedas digitais associadas ao seu nome, uma delas usada diretamente para um esquema de pay-to-play, no qual os maiores compradores são recompensados com acesso privilegiado ao presidente, incluindo jantares privados e eventos na Casa Branca.
A crítica central é que o projeto em discussão não impõe nenhum mecanismo eficaz para impedir esse tipo de abuso de poder.
“Trump está basicamente postando seu ‘Pix’ presidencial para que governos e empresas estrangeiras depositem dinheiro diretamente em sua conta bancária”, disse o senador Chris Murphy, reforçando as acusações de que o ex-presidente está utilizando criptomoedas como um canal paralelo para captar recursos e favores enquanto ocupa o cargo mais alto do país.
A senadora Elizabeth Warren (D-Massachusetts) também reagiu com firmeza e classificou a Lei GENIUS como “uma venda descarada da presidência dos Estados Unidos”.
Ela lidera a oposição à proposta no Senado e tenta convencer seus colegas democratas a se distanciarem da medida.
Outra crítica levantada pelas organizações é o risco de que empresas de tecnologia — como Google, Meta e Amazon — passem a emitir suas próprias moedas digitais caso a lei seja aprovada.
Para o senador Josh Hawley (Republicano do Missouri), isso daria um “poder econômico descomunal” às big techs, com consequências imprevisíveis para o equilíbrio financeiro do país.
Fonte: Progressistas querem barrar projeto de lei pró-Bitcoin apoiado por Trump
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