Nesta sexta-feira, 23, morreu em Paris, aos 81 anos, Sebastião Salgado, considerado o maior fotógrafo brasileiro de todos os tempos e um dos mais respeitados do mundo. Reconhecido por retratar com sensibilidade a condição humana, o meio ambiente e as desigualdades sociais — sempre em impactantes imagens em preto e branco — Salgado viveu momentos marcantes em suas expedições por algumas das regiões mais perigosas do planeta. Em uma delas, teve a vida salva graças ao Rei do Futebol: Pelé. Entenda!
Salvo por Pelé
Em 1994, durante o genocídio em Ruanda, quando extremistas hutus mataram cerca de 800 mil pessoas em apenas 100 dias. Salgado viajou à África para documentar o drama dos refugiados tutsis. Ele estava na Tanzânia, próximo à fronteira com Ruanda, registrando os campos de refugiados, quando decidiu se aproximar da linha de fronteira para entender mais de perto o fluxo de pessoas que fugiam do conflito.
Em entrevista ao Programa do Jô, ele contou que encontrou um grupo de pessoas atravessando a pé a savana africana. Assim, ao saber que vinham do outro lado do Rio Kagera, que separa os dois países, ele contratou um guia que falava francês e decidiu ir na direção contrária ao fluxo, para entender o que acontecia em território ruandês.
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“Fizemos 10 quilômetros a pé e chegamos à beira do rio. Era uma coisa terrível. O número de corpos que desciam o rio era inacreditável”, lembrou Salgado. Dessa forma, enquanto tentava conseguir uma travessia de barco, ele percebeu que estava cercado por um grupo de homens armados com facões. O tradutor, apavorado, explicou que os homens armados acreditavam que Salgado era francês. Na época, muitos extremistas hutus consideravam a França uma aliada dos tutsis e, portanto, uma inimiga.
Diante do risco iminente, Salgado tomou uma decisão instintiva: sacou seu passaporte brasileiro, ergueu as mãos e disse com firmeza: “Eu sou brasileiro, da terra do Pelé!” A tentativa deu resultado: “Quando eu falei o nome do Pelé, acabou. Houve uma descontração total”, relatou o fotógrafo.
Desse modo, Pelé, o maior jogador de futebol da história, era conhecido até nas regiões mais isoladas do mundo, seu nome era basicamente um sinônimo de Brasil. Assim, naquele dia, salvou um dos maiores artistas do século 20.
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