Cientistas descobriram um planeta gigante orbitando uma estrela pequena e fraca, do tipo anã vermelha, a cerca de 241 anos-luz da Terra, o que é uma distância relativamente curta em proporções astronômicas. O que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o fato de uma estrela tão leve ter conseguido formar um planeta tão grande, algo que as teorias atuais não conseguem explicar bem.
Batizado de TOI-6894b, o mundo alienígena está descrito em um artigo publicado nesta quarta-feira (4) na revista científica Nature Astronomy. A descoberta foi feita por uma equipe internacional que analisa exoplanetas (ou seja, planetas fora do Sistema Solar). “É uma descoberta intrigante”, afirmou Vincent Van Eylen, um dos autores e astrofísico da University College London, em um comunicado. Segundo ele, entender como esse planeta surgiu é um dos principais desafios atuais na astronomia.
Até então, acreditava-se que estrelas com menos de um terço da massa do Sol não teriam material suficiente para formar planetas gigantes. Por isso, a descoberta do TOI-6894b é tão surpreendente. Outros exemplos parecidos já haviam sido encontrados, mas ainda são raros. Agora, os cientistas querem buscar mais casos assim para poder rever as ideias tradicionais sobre formação planetária.
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Caçador de exoplanetas da NASA entra em ação
A equipe usou dados do Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS, na sigla em inglês), da NASA, lançado em 2018. Em 2023, o time identificou 15 candidatos a planetas gigantes orbitando estrelas pequenas – entre eles, o recém-confirmado TOI-6894b, que a partir daí passou a ser estudado com mais detalhes, incluindo observações com telescópios em solo.
Os dados mostraram que TOI-6894b tem cerca de 17% da massa de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar. Isso equivale a 53 vezes a massa da Terra. Com tamanho semelhante ao de Saturno, o planeta gira em torno de sua estrela em apenas três dias, o que indica que está muito próximo dela. Já a estrela tem só 20% da massa do Sol, sendo a menor conhecida a abrigar um planeta gigante.

Segundo os cientistas, isso pode indicar que planetas gigantes ao redor de estrelas pequenas são mais comuns do que se pensava. “A maioria das estrelas da nossa galáxia são pequenas como essa”, explicou Daniel Bayliss, astrofísico da Universidade de Warwick, na Inglaterra. “Se elas podem ter planetas grandes, isso muda tudo o que sabemos sobre a quantidade de planetas gigantes na Via Láctea”.
James Webb pode investigar atmosfera do planeta
A descoberta desafia o modelo mais aceito de formação planetária, chamado “modelo de acreção do núcleo”. Nele, um planeta começa pequeno e cresce até atrair muito gás. Mas esse processo exige muito material ao redor da estrela, o que não se esperava em estrelas tão pequenas. Outra hipótese é que o planeta tenha se formado a partir do colapso de uma nuvem de gás instável.

Para tirar dúvidas, os cientistas pretendem usar o Telescópio Espacial James Webb (JWST) e estudar a atmosfera do TOI-6894b para entender como ele realmente se formou. Essa descoberta pode mudar tudo o que se sabe sobre a origem dos planetas no Universo.
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