As 3 etapas para deixar Marte parecido com a Terra, segundo estudo

Marte não é um planeta para humanos. Porém, dá para mudar isso. Pelo menos, teoricamente falando. O processo, chamado “terraformar“, é complicadíssimo. Mas dá para resumi-lo em três etapas, segundo estudo publicado na revista Nature Astronomy recentemente.

“30 anos atrás, terraformar Marte não era apenas difícil – era impossível”, disse Erika DeBenedictis, autora principal do estudo e CEO da Pioneer Labs, ao Space.com. “Mas tecnologias novas como a Starship e a biologia sintética tornaram isso uma possibilidade real.”

“Agora sabemos, com base em dados enviados pelos robôs em Marte, que o planeta foi habitável no passado”, disse Edwin Kite, coautor do estudo e professor da Universidade de Chicago, também ao site. “Então, tornar Marte verde poderia ser visto como o maior desafio de restauração ambiental.”

Índice

Água, oxigênio, seres vivos: a receita para terraformar Marte

O primeiro passo: “cultivar” água no Planeta Vermelho. Parece absurdo, mas não é tanto assim. Cientistas descobriram que Marte tem gelo suficiente para formar um oceano com cerca de 300 metros de profundidade, cobrindo grande parte do planeta.

Se a temperatura aumentasse em pelo menos 30 °C, esse gelo poderia começar a derreter, o que liberaria uma enorme quantidade de água. Além disso, há indícios de que existam oceanos escondidos sob a superfície de Marte.

Representação artística da cratera Jezero como pode ter parecido bilhões de anos em Marte, quando era um lago (Imagem: NASA)

Agora, como esquentar Marte? Uma das ideias seria usar velas solares como espelhos gigantes para refletir mais luz do Sol para Marte. Outra seria espalhar partículas na atmosfera para reforçar o efeito estufa. E ainda seria possível usar aerogel de sílica para aumentar o calor em pontos específicos.

O próximo passo envolveria seres vivos muito pequenos, chamados extremófilos, que conseguem viver em condições extremas. Eles seriam modificados geneticamente para resistir ao ambiente de Marte.

Quando o gelo começasse a derreter, formaria lagos e mares muito salgados. Esses organismos ajudariam a transformar a química do planeta, criando condições para a sobrevivência de plantas e outros seres vivos no futuro.

O terceiro passo seria transformar a atmosfera de Marte para que ela “sustentasse” plantas e animais. Para isso, seria preciso criar uma atmosfera com oxigênio suficiente. Quanto? Pelo menos, 100 milibares. Isso é cerca de um décimo da pressão do ar aqui na Terra ao nível do mar.

Processo lento (mas daria para acelerar)

No começo, seria possível viver no Planeta Vermelho em grandes cúpulas fechadas a 100 metros de altura. Fora delas, as plantas poderiam crescer lentamente e liberar oxigênio, o que ajudaria a modificar a atmosfera de Marte com o tempo. No entanto, esse processo natural demoraria cerca de mil anos.

Ilustração de astronauta chegando na sua casa em Marte
No começo, seria possível viver no Planeta Vermelho em grandes cúpulas fechadas (Imagem: Zeraaa/Shutterstock)

Para acelerar essa mudança, os cientistas sugerem usar tecnologia para extrair oxigênio da água vinda do gelo derretido. Mas ainda não se sabe se Marte tem os materiais necessários para fazer isso em larga escala.

Por isso, mais pesquisas são necessárias antes de tomar decisões sobre o futuro da terraformação marciana. Muito mais pesquisas.

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Terraformar é impossível? Não, mas há questões éticas e científicas a considerar

O Homo sapiens é conhecido por aceitar desafios que esticam os limites da ciência. Mas há sérias questões éticas e científicas a serem consideradas ao terraformar um planeta. Principalmente Marte. Afinal, ele pode ter abrigado vida no passado. E pode abrigar até hoje.

Etapas de terraformação de Marte
Terraformar Marte não é uma missão fácil e poderia custar conhecimento valioso (Imagem: Stockbym/Shutterstock)

“Se decidirmos terraformar Marte, vamos mudá-lo de formas que podem ou não ser reversíveis,” disse Nina Lanza, coautora do estudo e cientista planetária do Laboratório Nacional de Los Alamos, ao Space.com.

“Marte é um planeta com sua própria história. Quando terraformamos, perdemos a oportunidade de estudá-lo como ele é”. Para Nina, isso pode custar conhecimento valioso sobre formação e evolução de planetas.

Será que não seria mais fácil preservar a Terra para evitar a mudança para Marte?

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