Apesar de legalizado e amplamente disponível, o cigarro figura entre as drogas mais perigosas do planeta, superando muitas substâncias ilícitas em termos de impacto sanitário e social.
Seu uso está diretamente relacionado a doenças respiratórias crônicas, infarto, AVC, câncer de pulmão, bexiga e esôfago, além de reduzir a expectativa de vida em até dez anos.
O vício em nicotina também é um dos mais difíceis de superar, em parte porque seu consumo está frequentemente ligado a comportamentos sociais e rotinas diárias, o que torna o rompimento com o hábito ainda mais desafiador.
Diante desse cenário, terapias de cessação como o chiclete de nicotina surgem como uma alternativa viável para ajudar fumantes a abandonarem de vez o cigarro e evitarem complicações de saúde muitas vezes irreversíveis.
O tabagismo continua sendo uma das principais causas de morte evitável em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, mais de 8 milhões de pessoas morrem todos os anos por causa do consumo de tabaco, incluindo cerca de 1,3 milhão de não fumantes expostos à fumaça alheia.
O cigarro, seja industrializado ou artesanal, como o de palha, carrega uma combinação letal de mais de 4.700 substâncias químicas, das quais pelo menos 70 são comprovadamente cancerígenas.
Entre elas estão o alcatrão, o monóxido de carbono, o cianeto de hidrogênio, o benzeno e o arsênio. Essas substâncias não apenas destroem os pulmões, mas afetam também o coração, os vasos sanguíneos, o cérebro, o fígado e diversos outros órgãos.
O que é, como funciona e para que serve o chiclete de nicotina?
O chiclete de nicotina é um produto desenvolvido para auxiliar pessoas que desejam parar de fumar.
Ele faz parte da chamada terapia de reposição de nicotina, que também inclui adesivos, pastilhas, sprays e inaladores. A proposta desse tipo de tratamento é fornecer ao corpo uma dose controlada de nicotina, sem os demais componentes tóxicos do cigarro, permitindo que o usuário enfrente os sintomas de abstinência com mais facilidade.
Esse tipo de goma contém nicotina polacrilex, que é absorvida lentamente pela mucosa da boca.
A dose da substância é liberada durante o processo de mastigação, sendo indicada para fumantes que apresentam dependência leve, moderada ou intensa.
Em geral, há duas concentrações disponíveis no mercado: 2 mg e 4 mg. A versão mais leve é indicada para quem fuma menos de 20 cigarros por dia. Já a mais forte é recomendada para fumantes mais dependentes, que acendem o primeiro cigarro do dia em menos de 30 minutos após acordar.
Esse produto não deve ser usado como bala ou chiclete comum. O modo correto de utilizar a goma envolve mastigar devagar até sentir um leve gosto picante e, em seguida, deixar o chiclete repousando entre a bochecha e a gengiva.
Isso evita a liberação rápida de nicotina, que pode causar náuseas ou irritação na boca. O ciclo é repetido por cerca de 30 minutos, tempo médio de uso por unidade.
Apesar de não ser um medicamento controlado, é recomendável buscar orientação médica antes de iniciar esse tipo de reposição.
Dependendo da saúde bucal, do histórico de doenças cardíacas ou da presença de úlcera gástrica, o uso pode ser contraindicado. Crianças, gestantes, lactantes e pessoas com arritmia devem evitar o consumo sem supervisão profissional.
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Quais os tipos de chiclete de nicotina?
Existem diversas marcas no mercado que oferecem chicletes de nicotina.

Entre as mais conhecidas estão Nicorette, NiQuitin e Equate, todas disponíveis com sabores variados, como menta, frutas cítricas ou frutas vermelhas. Os produtos variam tanto na concentração quanto no número de unidades por embalagem.
A concentração de nicotina em um chiclete de 2 mg é menor que a de um cigarro comum, que pode fornecer cerca de 1 mg de nicotina por unidade. No entanto, como a absorção pela mucosa é mais lenta que a via pulmonar, o efeito da goma é gradual, e por isso ela ajuda a reduzir o impulso imediato de fumar.
A versão de 4 mg oferece o dobro da dose e é usada em situações de abstinência mais severa. Em alguns países, esse produto é vendido em farmácias com a recomendação de que apenas maiores de 18 anos o comprem.
No Brasil, a venda é permitida sem receita, mas o ideal é que o uso faça parte de um plano de cessação orientado por profissionais de saúde.
Chiclete de nicotina realmente ajuda a parar de fumar?
Estudos conduzidos por órgãos como o CDC, nos Estados Unidos, mostram que as terapias de reposição de nicotina, incluindo os chicletes, aumentam as chances de sucesso na tentativa de parar de fumar em até 60%.

Isso se deve ao fato de que a nicotina, embora seja a substância que gera dependência, não é a principal responsável pelos danos pulmonares associados ao tabagismo. Os malefícios estão ligados principalmente à fumaça, ao alcatrão e aos mais de quatro mil compostos tóxicos presentes nos cigarros.
O chiclete de nicotina atua reduzindo os sintomas de abstinência, como ansiedade, irritabilidade, dor de cabeça e insônia. Além disso, ele ajuda a reduzir a fissura, que é a vontade súbita e intensa de fumar.
Apesar disso, seu uso isolado nem sempre é suficiente. A recomendação de especialistas é que o uso do chiclete seja associado a terapia cognitivo-comportamental, grupos de apoio e mudanças no estilo de vida.
Outro ponto importante é o tempo de uso. O chiclete de nicotina não deve ser utilizado indefinidamente. O período padrão gira em torno de 12 semanas, com redução gradual da frequência ao longo do tempo. O desmame é essencial para evitar que o usuário substitua o vício em cigarro pela dependência da goma.

Em relação aos riscos, o chiclete de nicotina não apresenta os mesmos danos ao sistema respiratório que o cigarro. Porém, pode causar efeitos adversos como dor de estômago, náusea, boca seca, dor de mandíbula e irritação na garganta. Esses efeitos geralmente aparecem quando o chiclete é usado de forma incorreta ou em excesso.
O chiclete de nicotina é uma ferramenta válida no combate ao tabagismo. Ele representa uma alternativa mais segura que o cigarro e serve como ponte para uma vida livre da nicotina.
Apesar disso, não é uma solução mágica. Seu sucesso depende do comprometimento do usuário, do suporte psicológico e da construção de novos hábitos que afastem o impulso de fumar.
Mesmo com uma oferta variada de produtos no mercado, o ideal é que o processo de parar de fumar seja acompanhado por um profissional de saúde.
O chiclete ajuda, mas a decisão e o esforço contínuo partem do próprio paciente. Com disciplina, orientação adequada e uso consciente, é possível sim abandonar o vício e conquistar uma vida mais saudável.
Com informações de CDC.
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