A ilha cheia de vulcões onde a Rússia escondeu submarinos nucleares

A ilha Simushir tem muitos vulcões – grande parte bem alinhada entre si, diga-se. Ela fica num aparente “meio do nada”. Lá, a Rússia montou uma base secreta para submarinos nucleares soviéticos durante a Guerra Fria (1947-1989).

Localizada no centro do arquipélago das Ilhas Kuril, área disputada pela Rússia e Japão, Simushir destaca-se por sua geografia vulcânica, histórico militar e eventos climáticos globais causados por erupções ocorridas em seu território.

Por dentro da ilha vulcânica que serviu de base secreta para submarinos da Rússia

Simushir é uma ilha vulcânica desabitada, com cerca de 60 quilômetros de comprimento e 13 quilômetros de largura. Ela abriga muitos vulcões, alinhados ao longo de sua extensão. Entre os principais, estão:

  • Milna: O ponto mais alto da ilha, com 1.540 metros, tem caldeira de 3 km de largura;
  • Prevo: Conhecido como “Simushiru-Fuji” devido à sua forma simétrica semelhante ao Monte Fuji, com 1.360 metros de altura;
  • Urataman: Localizado na extremidade norte da ilha, possui uma caldeira de 7,5 km de diâmetro que forma a Baía Brouton, entrada semicircular de água do mar, e 678 metros de altura;
  • Zavaritskii: Tem três caldeiras aninhadas numa caldeira maior e um lago central, palco de erupções significativas nos séculos 19 e 20, e 624 metros de altura.
Simushir abriga vulcões tão grandes que dá para vê-los em imagens de satélite (Imagem: NASA)

Base secreta de submarinos soviéticos

Durante a Guerra Fria, a União Soviética estabeleceu uma base submarina secreta na Baía Brouton. Ela operou entre 1987 e 1994.

  • Essa baía semicircular, com aproximadamente 5,5 km de diâmetro e profundidade de até 200 metros, oferecia um abrigo natural ideal para submarinos nucleares.

Inicialmente, o acesso à baía era limitado por um canal raso de 13 metros de profundidade. Para permitir a entrada de embarcações maiores, foram utilizadas explosões controladas com milhares de toneladas de explosivos.

Prédios abandonados na ilha Simushir
Após o colapso da União Soviética, base secreta da Rússia na Ilha Simushir foi abandonada às pressas (Imagem: Eugene Kaspersky/Flickr)

A base foi projetada para ser uma das maiores instalações navais do Pacífico soviético, com planos de abrigar submarinos, navios antissubmarino e até mesmo o porta-aviões “Minsk”.

  • No auge da sua operação, a base abrigava cerca de três mil pessoas e contava com infraestrutura completa, incluindo apartamentos, hospital, escola, oficinas e instalações para criação de animais.

Com o colapso da União Soviética e as reformas da perestroika, a base foi desativada em 1994. Assim, as instalações foram abandonadas. E edifícios, veículos, armamentos e artefatos ficaram para trás.

Hoje, as ruínas da base ainda são visíveis em imagens de satélite e atraem a atenção de curiosos sobre a história da Guerra Fria.

Erupção histórica

A erupção vulcânica de 1831, cuja origem permaneceu desconhecida por quase dois séculos, foi atribuída ao vulcão Zavaritskii no final de 2024.

  • Esta foi uma das erupções mais poderosas do século 19 (liberou aproximadamente 13 milhões de toneladas de dióxido de enxofre na estratosfera).

Essa descoberta, publicada no periódico científico PNAS, foi possível graças a avanços na análise de núcleos de gelo polares, que revelaram fragmentos de cinzas vulcânicas com composição química idêntica às amostras coletadas do Zavaritskii.

Vulcão em erupção com nuvens ao fundo
Erupção vulcânica ocorrida em 1831, cuja origem permaneceu desconhecida por quase dois séculos, foi atribuída ao vulcão Zavaritskii, na Ilha Simushir, recentemente (Imagem: Eva Kali/Shutterstock)

Esse volume de gases formou aerossóis que refletiram a luz solar, o que causou um resfriamento médio 1°C no Hemisfério Norte. O fenômeno contribuiu para o prolongamento da Pequena Idade do Gelo, período de temperaturas mais baixas que durou até meados do século 19.

Além do resfriamento, a erupção causou fenômenos ópticos raros. Observadores relataram que o sol ficou meio azulado, púrpura, esverdeado. Isso ocorreu por conta da dispersão da luz pelos aerossóis vulcânicos na atmosfera.

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A identificação do Zavaritskii como fonte da erupção de 1831 destacou a necessidade de monitoramento de vulcões em regiões remotas. Os vulcões da Ilha Simushir, por exemplo, permanecem pouco estudados até hoje.

A pesquisa também reforçou a importância de investigações contínuas para antecipar e mitigar os impactos de futuras erupções de grande magnitude. Afinal, nunca se sabe, né?

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