A rotação da Terra deve apresentar uma aceleração atípica nos meses de julho e agosto deste ano, contrariando o comportamento observado nas últimas décadas. Segundo previsões com base em dados do International Earth Rotation and Reference Systems Service (IERS) e do Observatório Naval dos EUA, dias mais curtos serão registrados no meio do ano, ainda que o motivo exato da mudança permaneça desconhecido para a comunidade científica.
Desde 2020, pesquisadores vêm registrando uma velocidade crescente na rotação do planeta, quebrando a tendência histórica de desaceleração causada, principalmente, pela interação gravitacional com a Lua. Embora existam explicações plausíveis para eventos sazonais de aceleração, o padrão dos últimos anos chama a atenção pela consistência e pela falta de previsibilidade.
O IERS continuará monitorando a rotação da Terra para confirmar a duração exata dos dias em julho e agosto. Caso os dados se confirmem, o planeta poderá bater novos recordes de dias mais curtos já registrados.
Terra terá dias mais curtos em julho e agosto
A plataforma Timeanddate.com aponta que o dia 9 de julho será 1,30 milissegundo mais curto do que o padrão de 86.400 segundos. Outros dias com duração reduzida incluem 22 de julho (1,38 ms a menos) e 5 de agosto (1,5 ms a menos). Esses dados são resultado de cálculos baseados em observações astronômicas precisas, utilizando relógios atômicos.
O fenômeno é particularmente relevante para sistemas que dependem de alta precisão temporal, como o GPS, e normalmente seria compensado com a adição de um “segundo bissexto”. No entanto, desde 2016, nenhum segundo extra foi necessário, e o IERS já confirmou que 2025 também não terá esse ajuste. A mudança de comportamento é vista com surpresa por pesquisadores da área.
Influência da Lua e outros fatores geofísicos
Embora a Lua seja amplamente reconhecida por sua influência no desaceleramento gradual da Terra — afastando-se cerca de 3,8 centímetros por ano —, ela também pode contribuir para acelerações temporárias. Quando o satélite está mais distante do equador terrestre, o efeito de arrasto diminui, resultando em dias mais curtos.

Além disso, terremotos de grande magnitude também têm capacidade de alterar a velocidade de rotação da Terra. O terremoto de 2011 no Japão, por exemplo, deslocou o eixo do planeta em 17 centímetros e reduziu o comprimento do dia em cerca de 1,8 microssegundo. Um efeito semelhante foi observado no sismo de 2004 na Indonésia.
“Terremotos podem mudar a rotação da Terra ao redistribuir sua massa interna”, explicou o cientista Richard Gross, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, à Popular Mechanics na época. “É o mesmo princípio que uma patinadora usa ao puxar os braços para girar mais rápido.”
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Cientistas ainda buscam explicações
Apesar das hipóteses envolvendo fatores naturais como marés, atmosfera e abalos sísmicos, especialistas afirmam que nenhum modelo atual consegue explicar completamente a aceleração recente. “A causa dessa aceleração não é explicada”, afirmou Leonid Zotov, pesquisador da Universidade Estatal de Moscou, ao site Timeanddate.com. Segundo ele, os modelos oceânicos e atmosféricos não justificam a intensidade observada.

Judah Levine, físico do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA, disse à Discover Magazine que a ausência contínua de segundos bissextos é um sinal claro de que o comportamento do planeta desafiou previsões anteriores. “A suposição era de que a Terra continuaria a desacelerar, e que os segundos bissextos continuariam a ser necessários. Esse resultado é muito surpreendente.”
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