O avanço do sistema de defesa israelense chamou a atenção do mundo, especialmente dos Estados Unidos, que agora buscam adotar tecnologias similares. A guerra em Gaza e a crescente ameaça de mísseis balísticos trouxeram à tona o potencial de sistemas como o Domo de Ferro e o Arrow 3, que já demonstraram sua eficácia em interceptações de projéteis.
Com a possibilidade de um novo tipo de confronto envolvendo ameaças espaciais, os EUA estão estudando a implementação de um sistema semelhante, o “Domo de Ferro americana”. O objetivo é adaptar a experiência de Israel para um cenário de defesa mais amplo e desafiador, envolvendo desde mísseis até drones de baixo custo.
Um escudo em múltiplas camadas
- O sistema de defesa aérea de Israel é composto por diferentes tecnologias projetadas para lidar com ameaças variadas.
- A espinha dorsal é o Domo de Ferro (Iron Dome), criada pela estatal Rafael Advanced Defense Systems em parceria com a Raytheon, subsidiária da RTX Corp.
- Embora inicialmente voltada a interceptar foguetes de curto alcance, o Iron Dome passou por atualizações e hoje consegue lidar com mísseis de longo alcance, enxames de drones e fragmentos gerados por interceptações bem-sucedidas.
- Além dela, o país conta com o David’s Sling, que cobre mísseis de médio alcance, e o Arrow, que lida com ameaças balísticas fora da atmosfera.
- Juntas, essas camadas formam uma malha integrada com sensores, radares e unidades de lançamento distribuídas por todo o território israelense.
- De acordo com as Forças de Defesa de Israel, uma única bateria do Domo de Ferro chegou a enfrentar centenas de projéteis lançados em poucos minutos durante os ataques do Hezbollah.
Avanços com lasers e uso de IA
Israel planeja integrar ainda em 2025 o sistema Iron Beam, uma arma a laser de 100 kilowatts desenvolvida para abater drones e mísseis de curto alcance. Segundo o Ministério da Defesa, o disparo custa menos de US$ 5 por tentativa — o equivalente à conta de luz da operação —, o que pode revolucionar o custo das defesas aéreas. A ideia é usar o Iron Beam como mais uma camada, acionada conforme a ameaça, o tempo disponível e as condições climáticas.
“Depende do clima, da ameaça e do que chamamos de orçamento de tempo”, explicou Nir Weingold, responsável pela área de planejamento e TI no centro de pesquisa e desenvolvimento do Ministério da Defesa, ao Bloomberg. A escolha entre o disparo de um interceptador convencional ou de um laser será feita automaticamente por um sistema de inteligência artificial.
Apesar da inovação, os próprios especialistas admitem que o laser tem limitações importantes. Além de não funcionar bem em dias nublados, sua eficácia em mísseis de maior alcance ainda é considerada baixa. Outro desafio é a necessidade de baterias potentes para manter o funcionamento em série.
Desempenho superior a sistemas tradicionais
Mesmo com vulnerabilidades, o desempenho do escudo israelense é considerado superior ao de outros sistemas, como o Patriot, usado pelos EUA e aliados na guerra da Ucrânia. O custo de um míssil Tamir da Iron Dome gira em torno de US$ 50 mil, enquanto um Patriot pode custar até US$ 6 milhões. Essa diferença permite que Israel mantenha um ritmo de interceptação mais agressivo e frequente.
No entanto, os ataques mais pesados — como os de abril e outubro de 2024, com entre 200 e 300 projéteis lançados pelo Irã — só foram repelidos com ajuda internacional. Aviões de combate dos Estados Unidos, Reino Unido e Jordânia atuaram diretamente nas defesas, evidenciando que mesmo a mais sofisticada tecnologia tem seus pontos cegos.
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Drones de baixo custo continuam sendo ameaça
A maior vulnerabilidade atual do sistema israelense é o uso de drones de baixo custo, que muitas vezes escapam das defesas. Um desses veículos aéreos não tripulados, lançado pelo Hezbollah, atingiu inclusive a residência particular do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em outubro do ano passado.

Segundo o Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel, mais de 26 mil ataques aéreos foram registrados durante a guerra. As ofensivas deixaram 98 mortos, incluindo 67 civis. Mesmo com o alto grau de interceptação, os números mostram que a proteção total ainda é inalcançável.
O caso israelense evidencia que, apesar dos avanços, escudos antimísseis ainda enfrentam desafios técnicos, estratégicos e econômicos. A tentativa dos EUA de reproduzir esse modelo terá de lidar com esses mesmos obstáculos — e com a diferença de que, no caso americano, a ameaça pode vir de distâncias ainda maiores.
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