Novas observações da missão Mars Express da Agência Espacial Europeia (ESA) revelaram imagens da peculiar cratera marciana Deuteronilus Cavus. Essa estrutura geológica se formou entre 4,1 e 3,7 bilhões de anos atrás e sua complexidade é um reflexo dos processos que formaram o Planeta Vermelho.
A cratera tem 120 quilômetros de diâmetro e é preenchida por uma mistura de formações rochosas, canais, planícies e mesas — blocos de pedra que resistiram a erosão. Segundo evidências ao redor do local, a depressão se originou por ação vulcânica.
No decorrer do tempo, essa estrutura passou por uma ampliação de seu tamanho devido à ação da água líquida e do gelo. Se comparada às medidas da época de seu surgimento, ela quase dobrou. As evidências para a presença de fluxos de águas estão na borda, onde há sinais de erosão deixados pela passagem do líquido.
A transição entre a beira e o fundo de Deuteronilus Cavus apresenta formações lisas. “Os fluxos arredondados e de topo suave vistos estendendo-se da base da parede da cratera são ‘aventais de detritos’: remanescentes de geleiras cobertas de rocha que provavelmente se formaram quando o clima marciano permitiu que o gelo se acumulasse nas latitudes médias de Marte”, escreveu a agência em um comunicado.
Marcas escuras em Marte
Para além da borda, as rochas são rugosas, o terreno é liso e tem cristas sutis. Essas marcas são evidências de atividade vulcânica e podem indicar o caminho por onde a lava fluiu e depois resfriou, segundo o site IFLScience.
A maior evidência de vulcanismo é a presença de marcas escuras na maior parte do fundo de Deuteronilus Cavus. A análise espectral feita pela equipe da ESA revelou que elas são compostas por cinzas vulcânicas e argila. Esta ultima sugere a existência de um acúmulo de água no local em um passado distante.

Leia mais:
- Montes misteriosos de Marte podem ser a prova de um antigo oceano
- Cientistas podem ter se enganado sobre água em Marte; entenda
- Amostras de Marte sugerem presença de água – isso significa que o planeta já abrigou vida?
A riqueza geológica da cratera poderá servir como um laboratório natural para cientistas que desejam estudar os processos que moldaram o Planeta Vermelho. “A depressão rica em características, Deuteronilus Cavus, nos permite explorar uma série de processos geológicos ao longo da complexa história de Marte”, concluiu a ESA.
O post Cratera em Marte é “janela” para a história do Planeta Vermelho apareceu primeiro em Olhar Digital.