Crew Dragon: conheça a cápsula no meio da disputa entre Musk e Trump

Se, no começo do ano, a amizade entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o bilionário Elon Musk parecia inabalável, as coisas azedaram de vez na última quinta-feira (5), com uma troca de ofensas nas redes sociais. Em meio à discussão, um dos nomes que se destacou foi o da cápsula Crew Dragon, responsável por levar astronautas americanos para a Estação Espacial Internacional (ISS).

Durante a troca de farpas, em que Musk criticou a nova lei orçamentária de Trump, o presidente americano sugeriu que poderia romper os contratos do governo com as empresas do bilionário.

A maneira mais fácil de economizar bilhões e bilhões de dólares em nosso Orçamento é encerrar os subsídios e contratos governamentais de Elon Musk

Donald Trump

Crédito: Bella1105 – Shutterstock

Em resposta, Musk declarou que estava desativando a cápsula Crew Dragon“À luz da declaração do presidente sobre o cancelamento dos meus contratos com o Estado, a SpaceX começará a desativar sua nave espacial, Dragon, imediatamente”, disse o empresário em sua postagem.

Pouco tempo depois, ele indicou que havia voltado atrás em sua decisão. Mas o fato é que a relação entre a SpaceX e o governo dos EUA nunca esteve tão nebulosa. Em meio a isso, o que exatamente é a Crew Dragon, e qual sua importância para as atividades espaciais americanas?

spacex
Imagem: Evgeniyqw/Shutterstock

A cápsula Crew Dragon

As cápsulas Crew Dragon, da SpaceX, transportam astronautas e carga para a Estação Espacial Internacional em um contrato com a NASA. A primeira vez que levou astronautas à ISS foi em 2020, marcando o retorno dos lançamentos tripulados aos EUA.

  • A cápsula se destaca pelo design moderno, em contraste com o visual clássico da russa Soyuz;
  • Tem capacidade para até sete astronautas, mas as missões costumam levar apenas quatro;
  • É reutilizável, podendo ser lançada múltiplas vezes após manutenção, reduzindo custos;
  • É impulsionada pelo foguete Falcon 9, também da SpaceX;
  • Atualmente, há uma cápsula atracada na ISS, com quatro astronautas que dependem dela para retornar à Terra.

Caso o contrato fosse realmente encerrado, é provável que o grupo ainda voltasse com a SpaceX, mas o envio de uma nova tripulação ficaria comprometido.

Leia mais:

Alternativas à SpaceX

Existem poucas alternativas para a NASA no mercado. Desde que deixou de ter um veículo próprio para levar astronautas à ISS (com o fim do programa de ônibus espaciais), a agência passou a depender de parcerias com empresas privadas.

Por muito tempo, apenas a Soyuz, russa, realizou os lançamentos contratados pela NASA – algo que ainda ocorre com frequência. Nesse caso, a tripulação teria que ser reduzida a três astronautas.

Lançamento da Soyuz
Lançamento da Soyuz (Imagem: Roscosmos)

No entanto, com as relações entre EUA e Rússia estremecidas, seria difícil imaginar os americanos admitindo que dependem ainda mais da tecnologia russa no espaço.

A outra alternativa com contrato da NASA é a Boeing, que desenvolveu a Starliner para transportar astronautas à ISS. Porém, o programa está atrasado, e, com a complicada situação da primeira missão tripulada, é improvável que o foguete decole novamente tão cedo.

Outros contratos da NASA incluem a Sierra Space, com o avião espacial Dream Chaser, e a Northrop Grumman, com a Cygnus, mas ambos os projetos avançam lentamente e não estão aptos para levar astronautas.

Tudo isso traria ainda mais incerteza para o futuro da ISS, prevista para ser aposentada em 2030.

Consequências para o programa lunar

O fim dos contratos com a SpaceX também impactaria o programa Artemis, que visa levar humanos de volta à Lua após 50 anos. A SpaceX tem um contrato para construir uma versão do foguete gigante Starship, que levará dois astronautas da NASA à superfície lunar na terceira missão Artemis.

Sem a empresa de Musk, o cronograma (já apertado), previsto para 2027, certamente teria que ser revisto, alongando ainda mais um programa que já enfrentou diversos atrasos.

Uma das versões do foguete SLS, da NASA, o modelo Block 1B, que será usado na missão Artemis 4, prevista para 2028, tem representado um grande desafio para a agência. Crédito: NASA

Há ainda outras consequências, como o lançamento de satélites do governo e missões como a sonda Dragonfly, que deve ir para Titã, lua de Saturno – e a SpaceX foi contratada para transportá-la.

No momento, há poucas certezas sobre como as relações entre SpaceX e NASA seguirão. A agência ainda não tem um novo administrador indicado, após Trump retirar a nomeação de Jared Isaacman para o posto.

O post Crew Dragon: conheça a cápsula no meio da disputa entre Musk e Trump apareceu primeiro em Olhar Digital.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima