Crise no Irã pode disparar preço do combustível no Brasil

O aumento nas tensões no Oriente Médio pode ter impacto direto no bolso dos brasileiros. O Parlamento do Irã aprovou uma proposta para fechar o Estreito de Ormuz, uma das principais rotas de transporte de petróleo no mundo, em resposta aos ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares no país.

A decisão ainda depende da aprovação do Conselho de Segurança iraniano e do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, mas a simples possibilidade já preocupa governos, mercados e especialistas em energia. Pelo estreito, passa cerca de 20% de todo o petróleo e gás natural movimentado no mundo, além de produtos como plásticos, fertilizantes, eletrônicos e veículos.

O Estreito de Ormuz está na rota de 20% de todo o petróleo e gás natural movimentado no mundo (Imagem: Fabio Mauri / Shutterstock.com)

Impacto direto no preço dos combustíveis no Brasil

No mercado brasileiro, o possível fechamento de Ormuz pode provocar alta imediata nos preços dos combustíveis, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Essas áreas dependem em grande parte de refinarias privadas, que seguem a variação dos preços internacionais do petróleo.

Sérgio Araújo, presidente executivo da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), explicou ao UOL que a situação é especialmente delicada porque, diferente da Petrobras, essas refinarias privadas não seguram os preços. “As refinarias privadas atualizam os preços semanalmente, como é comum no mercado. Só a Petrobras adota a prática de manter a defasagem dos preços”, explica.

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Enquanto a Petrobras pratica a defasagem de preço, refinarias privadas acompanham o preço do petróleo (Imagem: Donatas Dabravolskas / Shutterstock.com)

Atualmente, a Petrobras possui apenas uma refinaria na região Nordeste, a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Outras unidades localizadas no Amazonas e na Bahia foram vendidas no governo Bolsonaro, o que aumentou a dependência do mercado privado nessas regiões.

Petróleo pode passar dos US$ 100

A expectativa no mercado é de que o preço do barril, que atualmente gira em torno de US$ 80, possa ultrapassar a marca de US$ 100 se a situação se agravar. Isso pressionaria não apenas o preço dos combustíveis, mas também impactaria diversos setores da economia.

Segundo levantamento da Abicom, feito antes da escalada do conflito, o preço do diesel da Petrobras já estava defasado em cerca de R$ 0,50, enquanto a gasolina apresentava uma defasagem de R$ 0,20 em relação ao mercado internacional.

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Preço do barril de petróleo pode ultrapassar a marca de US$ 100 (Imagem: FXQuadro / Shutterstock.com)

Essa diferença vinha sendo sustentada pela Petrobras, mas especialistas alertam que, com uma disparada do preço do petróleo, a estatal pode não conseguir manter essa estratégia por muito tempo, o que levaria a repasses ao consumidor.

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Alta pode gerar efeito cascata na economia brasileira e global

Além do impacto direto nas bombas de combustível, o aumento do preço do diesel pode provocar uma alta generalizada em outros setores da economia brasileira.

Esse cenário pode pressionar a inflação, já que custos com transporte impactam diretamente os preços de alimentos, produtos industrializados e mercadorias em geral, ampliando os efeitos para além dos combustíveis.

A preocupação com o estreito de Ormuz não se limita ao Brasil. Governos e instituições internacionais acompanham de perto os desdobramentos. A China já se manifestou cobrando estabilidade na região, e a União Europeia alertou sobre os riscos de uma escalada no conflito.

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