Descoberta origem do megatsunami que chocou o mundo em 2023

Em 2023, um sinal sísmico anormal foi captado globalmente e persistiu por nove dias, oscilando a cada 90 segundos. Um mês depois, um evento igual apareceu e durou uma semana. Esse fenômeno intrigou cientistas ao redor do mundo, até que um grupo de pesquisadores trouxe uma solução inédita para o mistério.

Dois estudos de 2024 sugeriram que esses eventos teriam sido produzidos por uma dupla de tsunamis causados por deslizamentos de terra que criaram um seiche — uma “onda estacionaria” — que ressoou no Fiorde de Dickson, na Groenlândia. Os choques abalaram a crosta terrestre com intensidade o suficiente para serem detectados em outros continentes. Porém, nenhuma observação direta foi feita, apenas modelos numéricos e simulações.

Visão aérea do fiorde de Dickson, na Groenlândia. (Imagem: NASA)

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Em um novo estudo, pesquisadores de Oxford realizaram as primeiras observações com dados do satélite da missão Surface Water Ocean Topography (SWOT), lançado em 2022 pela NASA. O grupo utilizou informações de altimetria – medição feita pela gravação do tempo necessário para um pulso de radar sair de um satélite, ir para a Terra e retornar ao equipamento.

Com a técnica, a equipe mediu com precisão a superfície da água e pôde mapear a elevação das ondas no fiorde em diversos momentos após os tsunamis. Os mapas demonstraram declives transversais claros, com dois metros de diferença, que ocorreram em direções opostas, mostrando que a água se movia para frente e para trás através do canal.

“A análise com SWOT é um divisor de águas para o estudo de processos oceânicos em regiões como fiordes, onde os satélites anteriores tinham dificuldade de enxergar”, disse Thomas Monahan, autor do estudo e estudante na Universidade e Oxford, em um comunicado.

Visualização dos efeitos globais dos tsunamis no fiorde de Dickson de 2023 produzida pelo pesquisador Stephen Hicks

Para provar sua teoria, a equipe conectou essas observações com pequenas movimentações da crosta terrestre a milhares de quilômetros do local. Com isso, eles puderam reconstruir as características da onda, mesmo em períodos não captados pelo satélite.

A equipe também calculou as condições climáticas e de maré para comprovar que esses fatores não influenciaram o resultado das observações. Assim, o grupo pôde entender a origem do fenômeno que chacoalhou o mundo por nove dias em 2023.

“Este estudo é um exemplo de como a próxima geração de dados de satélite pode solucionar fenômenos que permaneceram um mistério no passado. Agora, conseguiremos obter novas percepções sobre eventos oceânicos extremos, como tsunamis, tempestades e ondas gigantes”, concluiu o professor Thomas Adcock, do departamento de Engenharia de Oxford.

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