É um gorila? É um homem? Mistério sobre fóssil é resolvido

Um paleontólogo de Taiwan se deparou com um fóssil curioso em 2010. Era uma mandíbula que lembrava a de um gorila. A “peça”, encontrada no fundo do oceano por pescadores taiwaneses, intrigou cientistas por 15 anos. Agora, o mistério foi resolvido: o osso pertencia a um denisovano, parente dos neandertais.

A descoberta, publicada na revista Science nesta semana, amplia o que e sabe sobre onde denisovanos viveram. Até então, seus fósseis tinham sido encontrados apenas na Sibéria e no Tibete. Agora, Taiwan integra esta lista.

Fóssil de denisovano fazia parte de coleção particular

A mandíbula, chamada de Penghu 1, foi analisada por uma equipe internacional liderada por Chun-Hsiang Chang, do Museu Nacional de Ciências Naturais de Taiwan. Ele conheceu o fóssil por meio de um colecionador particular.

(Imagem: Yusuke Kaifu)

Ao estudar o fóssil, Chang percebeu que não era de um gorila. O formato não era em U, mas projetado para fora do queixo, como nas mandíbulas humanas. No entanto, não tinha o queixo proeminente dos Homo sapiens.

“Pensei que parecia humana, mas não de um humano moderno”, contou Chang, segundo o New York Times. Ele convenceu o colecionador a emprestar a peça ao museu. Ao longo dos cinco anos seguintes, trabalhou com outros cientistas para investigar sua origem.

Determinar a idade da mandíbula foi um desafio. Isso porque sua origem exata no fundo do mar era desconhecida. Pela química do osso, os cientistas descobriram semelhanças com fósseis de uma hiena asiática de cerca de 400 mil anos.

Ilustração de homem denisovano andando em floresta com dois mamutes ao fundo
(Imagem: Cheng-Han Sun)

Taiwan era separado do continente naquela época. Mas houve períodos em que o nível do mar caiu, formando pontes de terra. Os pesquisadores acreditam que o homem de Penghu 1 viveu numa dessas épocas.

A hipótese de que o fóssil era de um denisovano já existia desde 2010, ano em que os primeiros restos desse grupo foram encontrados na caverna Denisova, na Sibéria. Um dente da mandíbula se assemelhava a outro encontrado lá. Porém, isso não bastava.

Os pesquisadores tentaram extrair DNA do osso, mas não conseguiram. Em 2015, a pesquisa emperrou.

Análise de proteínas antigas

Então, o cientista Frido Welker passou a trabalhar com análise de proteínas antigas. Em 2019, ele encontrou fragmentos de colágeno numa mandíbula de 160 mil anos no Tibete. E concluiu que era de um denisovano.

Homens das cavernas em volta de fogueira
Descoberta recente expande mapa dos misteriosos denisovanos (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Isso o levou a buscar outros fósseis com características parecidas. Foi aí que a mandíbula de Penghu, com seus dentes grandes, entrou no seu radar. E Welker contatou Chang.

Em 2023, o fóssil foi levado a Copenhague, na Dinamarca, para nova análise. O resultado confirmou: havia proteínas compatíveis com as de denisovanos.

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Outro dado veio das proteínas do esmalte dentário. Elas mostraram que o fóssil era de um homem adulto. Isso porque carregava a versão masculina do gene do esmalte, localizada no cromossomo Y.

Com essa confirmação, o mapa dos denisovanos se expandiu. Ainda assim, os cientistas acreditam que outras pistas podem estar guardadas em cavernas do sudeste asiático. E também em coleções de museus mundo afora.

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