Estresse descontrolado? Veja como ele mexe com o cortisol e seu corpo

O estresse é algo que todos enfrentamos no dia a dia, seja no trabalho, em casa ou em situações inesperadas. Quando estamos estressados, nosso corpo reage liberando hormônios que nos preparam para lidar com o problema. Um desses hormônios é o cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”.

Esse hormônio é essencial para o bom funcionamento do corpo, ajudando a controlar os níveis de açúcar no sangue, reduzir inflamações e manter o corpo em alerta quando enfrentamos situações desafiadoras. No entanto, quando está presente em grandes quantidades por muito tempo pode causar efeitos negativos na saúde.

O que é o cortisol e como ele é liberado?

O cortisol é um hormônio produzido pelas glândulas adrenais, localizadas logo acima dos rins. É o principal glicocorticoide em mamíferos, e sua produção na adrenal está sujeita à sinalização pelo ACTH hipofisário.

No corpo humano, muitos hormônios são liberados após a sinalização de outro hormônio. Nesse caso, o hormônio liberador de corticotrofina (CRH), secretado pelo hipotálamo, sinaliza à hipófise para que ocorra a liberação do ACTH (hormônio adrenocorticotrófico). A partir daí, o ACTH age sobre o córtex da glândula adrenal, iniciando a síntese e liberação de glicocorticoides.

Glândulas adrenais. (Imagem: Magic mine/Shutterstock)

Mas, afinal, o que são glicocorticoides?  Os glicocorticoides são hormônios esteroides produzidos no córtex da glândula adrenal. O cortisol é um dos principais deles, sendo um hormônio marcador de atividade, que apresenta um pico nas horas que precedem o início do período ativo, preparando o organismo para a atividade. Nos humanos, seres diurnos, o pico se dá nas primeiras horas da manhã, e seus níveis decrescem ao longo do dia.

Algumas pessoas apresentam uma irregularidade na produção de cortisol, causada por um tumor hipofisário, que está associado a liberação de ACTH ou adrenal, associado a produção de cortisol. Também pode ocorrer devido à ingestão de altas doses de glicocorticoides, e essa condição recebe o nome de síndrome de Cushing.

Esse quadro clínico leva a um aumento na liberação de cortisol que se mantém elevado até mesmo em horários noturnos, chamado de hipercortisolismo. Essa condição causa um aumento no acúmulo de gordura abdominal, fraqueza muscular e osteoporose, além de um sintoma bem característico: a face em forma de lua-cheia devido ao acúmulo de gordura nessa região.

O que o cortisol faz no corpo

Em condições normais, o cortisol ajuda o corpo a responder ao estresse, fornecendo energia extra para os músculos e o cérebro. Ele faz isso aumentando os níveis de glicose (açúcar) no sangue. Isso nos dá uma explosão de energia rápida para reagir ao que está nos estressando. Além disso, o cortisol também ajuda a diminuir processos inflamatórios e regula o sistema imunológico.

E quando o estresse não passa?

O estresse é um estado de reação a fatores adversos agindo no organismo. Essa reação visa reestabelecer o equilíbrio por meio de respostas fisiológicas. 

O problema começa quando estamos sob estresse constante, como em situações de trabalho intenso ou preocupações diárias que nunca parecem acabar. Quando isso acontece, o corpo continua liberando hormônios, como a adrenalina, cortisol e noradrenalina, o que pode levar a consequências indesejadas. Vamos ver algumas delas:

  • Aumento da glicemia: os glicocorticoides apresentam efeitos opostos ao da insulina, ou seja, tem efeito de resistência a insulina.
  • Ganho de peso: o cortisol pode aumentar o apetite, especialmente por alimentos ricos em açúcar e gordura, para um reabastecimento do estoque de energia do corpo. Além disso, ele faz com que o corpo armazene mais gordura, especialmente na barriga.
  • Problemas cardiovasculares: em resposta ao estresse há a liberação também de adrenalina, que prepara o corpo para uma situação de luta ou fuga, fazendo com que o coração bata mais rápido e aumentando a pressão arterial, que com o tempo pode levar a hipertensão. O tecido adiposo na região abdominal é uma fonte de interleucina-6, uma molécula pró-inflamatória. A IL-6 contribui para o acúmulo de células imunes nas paredes arteriais, promovendo o crescimento de placas ateroscleróticas. Esses fatores juntos aumentam as chances de um infarto.

Ainda há outras diversas alterações provocadas pelo estresse, como a imunossupressão resultante do aumento dos níveis de cortisol, pois nessas condições ocorre a diminuição da proliferação de linfócitos, células imunes responsáveis por reconhecer e combater patógenos. Dessa forma, o corpo tem mais dificuldade para lutar contra infecções e doenças.

Há também a ocorrência de problemas gastrointestinais. O cérebro, ao perceber o estresse, ativa o sistema nervoso autônomo, comunicando-se com o intestino e perturbando o movimento peristáltico, podendo levar a um quadro de síndrome do intestino irritável e aumentando a sensibilidade ao ácido do sistema gastrointestinal, levando a azia.

Como controlar o estresse e os níveis de cortisol?

Existem várias formas de reduzir o estresse e manter os níveis de cortisol sob controle:

  • Praticar exercícios físicos ajudam a reduzir o cortisol e a liberar hormônios que promovem a sensação de bem-estar.
  • Experimente técnicas de relaxamento como meditação, ioga e exercícios de respiração.
  • Ter uma rotina de sono regular é essencial para equilibrar os hormônios do corpo, incluindo o cortisol.
  • Manter uma alimentação saudável também pode ajudar a manter o cortisol equilibrado. Um bom ponto de partida é evitar alimentos processados e ricos em açúcar.
  • Conversar com amigos ou familiares pode ajudar a aliviar o estresse diário, assim como buscar terapias. 

O cortisol é um hormônio essencial para o nosso corpo, mas o estresse prolongado pode fazer com que seus níveis fiquem altos por muito tempo, causando uma série de problemas de saúde. Por isso, é importante adotar hábitos saudáveis que ajudem a controlar o estresse e manter o equilíbrio do corpo.

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