Experimentos científicos na Estação Espacial que mudaram nossa vida

Você sabia que pesquisas realizadas a mais de 400 km de altitude estão ajudando a combater doenças como Alzheimer e osteoporose, além de outros benefícios, como melhorar a filtragem de água e o cultivo de alimentos na Terra? A Estação Espacial Internacional (ISS) não é apenas um posto de observação do Universo – ela funciona como um laboratório avançado em microgravidade, onde cientistas testam hipóteses que seriam impossíveis de reproduzir aqui embaixo. 

Sem a interferência da gravidade terrestre, células, fluidos e materiais se comportam de maneira diferente, revelando detalhes essenciais para avanços científicos. 

A Estação Espacial Internacional (SS) é um laboratório científico que orbita a Terra a cerca de 400 km acima da superfície. Crédito: Artsiom P – Shutterstock

De olho na saúde

Um dos experimentos mais promissores é o Ring-Sheared Drop, conduzido com o apoio do Centro de Voo Espacial Glenn, da NASA. Ele investiga a formação das chamadas fibras amiloides, estruturas associadas ao Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas. 

Em microgravidade, os pesquisadores conseguem isolar e observar essas fibras de forma mais precisa, sem a interferência de superfícies sólidas. Isso permite entender como elas se formam e testar substâncias que poderiam impedir esse processo.

Depósitos fibrosos, extracelulares e proteicos anormais encontrados em órgãos e tecidos estão associados a doenças neurodegenerativas, como a doença de Alzheimer. A investigação Ring Sheared Drop estuda a biofísica da amiloidogênese proteica na ausência de gravidade, a fim de estudar a formação de fibrilas em interfaces fluidas, na ausência de paredes sólidas. Crédito: NASA

Outra linha de pesquisa importante envolve a perda de densidade óssea, comum entre astronautas. Estudos mostram que em apenas um mês no espaço, um astronauta pode perder até 1% de sua massa óssea. 

Para investigar formas de reverter esse quadro, a ISS recebeu em 2020 o experimento Rodent Research-5, que testou a proteína NELL-1 em camundongos. O resultado foi animador: o tratamento não apenas evitou a perda óssea como também estimulou a formação de novo tecido. A proteína agora é vista como potencial terapia para osteoporose em idosos na Terra.

Água da Estação Espacial Internacional é 98% reciclada

Os benefícios também se estendem à sustentabilidade. A ISS possui um sistema avançado de reciclagem de água que transforma urina, suor e condensação em água potável – e com eficiência de até 98%

Segundo a NASA, essa tecnologia foi adaptada para criar filtros portáteis usados em regiões afetadas por desastres, campos de refugiados e hospitais de campanha. A mesma lógica de economia e reaproveitamento está sendo aplicada a sistemas de purificação acessíveis, com impacto direto em comunidades sem acesso à água limpa.

A água é preciosa na Estação Espacial Internacional. Em um vídeo disponível no YouTube, o astronauta canadense Chris Hadfield demonstra como o Sistema de Recuperação de Água preserva esse recurso para tornar a ISS um ambiente autossustentável. Créditos: Agência Espacial Canadense e NASA

Na área da alimentação, a ISS também fez história ao cultivar pimentas Hatch do tipo “Española Improved” do plantio à colheita em microgravidade, no experimento Plant Habitat-04. Foi a primeira vez que uma cultura inteira de pimentas foi produzida no espaço, o que ajudou a compreender como as plantas reagem à ausência de peso e permitiu aos astronautas consumirem alimentos frescos durante a missão e cultivarem posteriormente outras espécies. 

Segundo a NASA, esse tipo de experimento não só melhora a saúde física e emocional dos tripulantes, como também prepara o caminho para missões mais longas, como futuras viagens a Marte.

Cultivo de pimentas na ISS ajudou a compreender como as plantas reagem à ausência de peso. Crédito: NASA

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Mais de 250 experimentos foram conduzidos em parcerias comerciais

Além desses avanços, a ISS continua sendo uma plataforma valiosa para o desenvolvimento de novas tecnologias. Equipamentos de exercício físico projetados para o espaço, por exemplo, foram adaptados para uso em fisioterapia e reabilitação na Terra. 

A parceria com empresas privadas e universidades acelera a transferência de conhecimento e inovação. De acordo com o ISS National Laboratory, mais de 250 experimentos comerciais já foram realizados, com participação de gigantes como Merck, empresa alemã da indústria química, e o conglomerado P&G.

Como vimos, a ciência feita na Estação Espacial Internacional não fica confinada ao espaço. Cada experimento realizado ali pode se transformar em uma solução concreta para problemas enfrentados por milhões de pessoas. Da saúde à agricultura, da purificação de água ao desenvolvimento de medicamentos, a ISS mostra que apostar em ciência fora da Terra é, na verdade, um investimento direto na melhoria da vida aqui embaixo.

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