Fadiga na menopausa: cansaço persistente exige atenção e tratamento adequado

A menopausa é marcada por uma série de mudanças no corpo da mulher — e a fadiga intensa é uma das mais comuns. Muitas relatam exaustão constante, que afeta a produtividade, o bem-estar e até a autoestima. Embora os hormônios desempenhem um papel relevante nesse processo, não são o único fator.

“Não há uma resposta única para explicar porque mulheres na menopausa sentem-se cansadas. São fatores hormonais, físicos e, algumas vezes, emocionais atuando de forma combinada”, explica o ginecologista Dr. Nélio Veiga Junior, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela UNICAMP.

Cansaço exige investigação: nem tudo é hormonal

Para o Dr. Igor Padovesi, autor do livro Menopausa Sem Medo e especialista pela North American Menopause Society (NAMS), é um erro atribuir o cansaço apenas à queda hormonal. Ele destaca que o estilo de vida contemporâneo também contribui para essa sensação.

“As pessoas, de modo geral, já se sentem mais cansadas pela vida moderna, por lidarem com múltiplas tarefas e serem bombardeadas por informações. Uma mulher multitarefas, mesmo que não tenha desequilíbrio hormonal, já tende a se sentir mais cansada”, afirma.

Apesar disso, ele alerta: “O cansaço tende a piorar se não for tratado adequadamente.” A progressiva queda de estrogênio impacta diretamente a energia, a massa muscular e a disposição geral da mulher ao longo do tempo.

Fadiga e alterações hormonais andam juntas

Ainda que outros fatores estejam envolvidos, o desequilíbrio hormonal na menopausa pode acentuar a sensação de esgotamento. Segundo o Dr. Igor, é comum que a mulher relate queda drástica de energia, mesmo realizando as mesmas atividades do dia a dia.

“É um sintoma que chega a ser exagerado às vezes, da mulher se sentir realmente esgotada, muito sem energia, com a sensação de que continua fazendo tudo igual, mas com um cansaço desproporcional.”

Dr. Nélio complementa que a diminuição dos níveis de estrogênio afeta diretamente o metabolismo e o sono — especialmente com os fogachos noturnos. Esses episódios interrompem o descanso e podem provocar irritabilidade e instabilidade emocional.

“O cansaço prolongado, acompanhado de perda de interesse, tristeza, irritabilidade e alteração de peso, pode ser sinal de depressão clínica e merece atenção imediata”, alerta.

Reposição hormonal e mudanças no estilo de vida

De acordo com o Dr. Igor, quando o cansaço está ligado à menopausa e outras causas são descartadas, a reposição hormonal pode trazer grande alívio.

“Em mulheres analisadas com cuidado, a reposição adequada melhora os sintomas gerais, incluindo o cansaço.”

Ambos os especialistas reforçam que antes de qualquer tratamento é necessário descartar anemia, distúrbios da tireoide ou depressão. E ressaltam que as primeiras medidas devem envolver mudanças no estilo de vida.

Entre elas, estão: prática de atividade física regular, alimentação balanceada, controle de peso, abandono do tabagismo, e redução no consumo de álcool e cafeína. A introdução de práticas de bem-estar, como ioga, meditação e técnicas de relaxamento, também faz diferença.

“Suplementação de cálcio e vitamina D, que ajudam na prevenção da osteoporose, também pode colaborar”, acrescenta o Dr. Nélio.

A qualidade do sono como ponto central

Outro fator crítico para a vitalidade é o sono. Muitas mulheres relatam dificuldade para dormir logo no início da transição menopausal — mesmo com ciclos menstruais ainda regulares. Elas passam a ter um sono leve, despertares noturnos e dificuldade para voltar a dormir.

“Esse impacto sobre o sono é um dos sintomas mais comuns e precoces da menopausa”, explica o Dr. Igor.

Para reverter esse quadro, os médicos orientam estabelecer uma rotina regular de sono. Isso inclui manter horários fixos para dormir e acordar, evitar telas à noite e criar um ambiente escuro, fresco e silencioso.

Cuidar agora é garantir qualidade de vida no futuro

Por fim, os médicos reforçam: ignorar o cansaço pode comprometer a saúde ao longo dos anos.

“O cansaço pode ser progressivo, não só após a menopausa, mas até o fim da vida. A tendência é piorar, com perda de energia e vitalidade”, afirma o Dr. Igor.

Se a mulher permanecer sedentária, a fadiga pode se tornar persistente, exigindo intervenções contínuas. Por isso, o acompanhamento com ginecologista especializado é essencial para garantir qualidade de vida na menopausa — e muito além dela.

Fontes:

Dr. Igor Padovesi – Ginecologista, autor do livro Menopausa Sem Medo (Editora Gente), especialista certificado pela North American Menopause Society (NAMS) e membro da International Menopause Society (IMS). Instagram: @dr.igorpadovesi.

Dr. Nélio Veiga Junior – Ginecologista e obstetra, Mestre e Doutor em Tocoginecologia pela Universidade Estadual de Campinas (FCM/UNICAMP). Instagram: @neliojuniorgo.

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