Elon Musk anunciou sua saída do cargo de assessor do governo do presidente Donald Trump, encerrando período marcado por cortes drásticos na máquina pública, disputas internas e resistência política. A saída foi divulgada na noite desta quarta-feira (28) por meio de uma postagem no X, de propriedade do próprio Musk.
“Com o fim do meu período programado como Empregado Especial do Governo, gostaria de agradecer ao Presidente @realDonaldTrump pela oportunidade de reduzir os gastos desnecessários”, escreveu. “A missão do @DOGE só se fortalecerá ao longo do tempo, tornando-se um modo de vida em todo o governo.”
As my scheduled time as a Special Government Employee comes to an end, I would like to thank President @realDonaldTrump for the opportunity to reduce wasteful spending.
The @DOGE mission will only strengthen over time as it becomes a way of life throughout the government.
— Elon Musk (@elonmusk) May 29, 2025
Musk esteve à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), cuja atuação provocou milhares de demissões, a redução drástica de agências e uma avalanche de litígios.
Inicialmente, seu objetivo era cortar US$ 2 trilhões (R$ 11,38 trilhões) em gastos, mas esse número foi sendo reduzido para US$ 1 trilhão (R$ 5,69 trilhões) e, depois, para US$ 150 bilhões (R$ 853,58 bilhões), à medida que enfrentava resistências internas e políticas.
Durante sua atuação, Musk entrou em conflito com outros membros do governo e demonstrou frustração com a dificuldade de promover mudanças em Washington. “A situação da burocracia federal é muito pior do que eu imaginava”, disse ao The Washington Post, como relembra a Associated Press (AP).
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Musk diz adeus ao governo
- Sua saída ocorre um dia após declarações críticas a respeito da principal proposta legislativa de Trump, apelidada de “big beautiful bill“;
- Musk disse estar “decepcionado” com o projeto, chamando-o de uma “enorme proposta de gastos” que aumenta o déficit e mina o trabalho do DOGE. “Acho que um projeto pode ser grande ou bonito. Mas não sei se pode ser os dois“, afirmou;
- Trump respondeu defendendo seu projeto, alegando que nem todos os pontos o agradam, mas que está satisfeito com outros. Ele também indicou que o projeto ainda pode sofrer mudanças;
- A proposta já foi aprovada na Câmara dos Representantes e está em debate no Senado;
- O presidente da Câmara, Mike Johnson, agradeceu Musk por seu trabalho e afirmou que a Casa está pronta para agir com base nas conclusões do DOGE.
O governo Trump pretende enviar ao Congresso um pacote de cancelamentos de gastos anteriormente autorizados. Entre os cortes previstos estão US$ 1,1 bilhão (R$ 6,25 bilhões) da Corporação de Transmissão Pública e US$ 8,3 bilhões (R$ 47,23 bilhões) em ajuda externa.
Senadores republicanos, como Ron Johnson (Wisconsin) e Mike Lee (Utah), manifestaram apoio às críticas de Musk e defenderam ajustes no projeto de lei. Johnson afirmou que há oposição suficiente para retardar a tramitação até que se leve a sério o corte de gastos. Lee, por sua vez, disse que a versão do Senado será mais agressiva: “Ela pode, deve e será. Caso contrário, não passará“.
Estima-se que as medidas fiscais do projeto aumentem o déficit em US$ 3,8 trilhões (R$ 21,62 trilhões) em dez anos, enquanto as reduções em programas sociais devem economizar pouco mais de US$ 1 trilhão (R$ 5,69 trilhões). Líderes republicanos argumentam que o crescimento econômico compensará esse aumento, mas entidades independentes projetam que a dívida pública subirá US$ 3 trilhões (R$ 17,07 trilhões) no mesmo período.
Musk, que chegou a investir US$ 250 milhões (R$ 1,42 trilhão) na campanha de Trump, também sinalizou que deve reduzir sua atuação política. “Acho que já fiz o suficiente“, disse.

Durante seu tempo no governo, Musk demonstrou entusiasmo com a ideia de reformar Washington, organizando eventos próprios, usando bonés de campanha na Casa Branca e promovendo seus produtos, como ao transformar a entrada da residência presidencial em uma vitrine para veículos da Tesla. Trump, por sua vez, retribuiu os elogios.
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