Fim do ar-condicionado? Estes sistemas eficientes diminuem a conta de luz

O calor deu trégua nesta semana, mas, assim que as temperaturas subirem novamente, o ar-condicionado volta a ser um aliado para refrescar os ambientes da casa. Só tem um problema: esses dispositivos gastam muita energia elétrica e liberam gases que contribuem para o aquecimento global, prejudicando o meio-ambiente.

Pensando nisso, pesquisadores e empresas estão tentando achar formas de tornar o equipamento mais eficiente – principalmente em um cenário em que ondas de calor já são uma realidade global. Sem contar que a economia na conta de luz no final do mês não atrapalha ninguém.

Uma dessas iniciativas é um sistema de resfriamento sustentável vindo diretamente de Hong Kong, que promete melhorar a eficiência da máquina. Já outra funciona de um jeito peculiar: quanto mais calor no ambiente, mas frio o ar fica. Seria o fim do ar-condicionado?

Ar-condicionado ajuda nos dias de calor… mas a conta vem no final do mês (Crédito: antoniodiaz/Shutterstock)

O problema do ar-condicionado

O gasto energético das casas e prédios está aumentando. Segundo a Agência Internacional de Energia, organização francesa sem fins lucrativos que analisa eficiência energética, a demanda por energia deve dobrar até 2050. E vale lembrar: essa energia nem sempre vem de fontes sustentáveis.

Para piorar a situação, além do gasto energético, os aparelhos de ar-condicionado usam gases refrigerantes tipo HFC, que podem aquecer muito mais que o dióxido de carbono quando são liberados na atmosfera. O resultado é uma contribuição negativa ao efeito estufa e às ilhas de calor na cidade.

Conheça duas iniciativas que querem mudar isso.

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Resfriamento mais eficiente e sustentável a caminho

Pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong desenvolveram um dispositivo para resolver esse problema. Trata-se de um sistema de resfriamento elastocalórico, que, segundo eles, é 48% mais eficiente do que tentativas anteriores de resfriamento.

Para isso, o sistema usa uma tecnologia completamente diferente do ar-condicionado, não devolvendo gases tóxicos ao meio-ambiente.

Veja como funciona:

  • O efeito elastocalórico foi descoberto em 1980 e acontece quando um material sólido muda sua forma reversivelmente a partir de força mecânica (seja aplicada ou removida). Diante dessa mudança, o material pode esfriar ou esquentar;
  • No estudo, a equipe aplicou essa técnica em um dispositivo de níquel-titânio usando materiais que podem mudar de forma quando estão frios (e voltar à forma original quando são aquecidos);
  • Para isso, eles usaram três ligas com diferentes temperaturas de transmissão, capaz de operar nas fases fria, intermediária e quente.

Basicamente, o sistema permite resfriar materiais sem emitir nenhuma poluição em troca. A eficiência energética também foi melhor – o que, para nós, significa uma conta de luz mais barata. O artigo foi publicado na Nature Energy.

ar condicionado elastocalorico
Pesquisadores da Universidade de Hong Kong ao lado do “ar-condicionado elastocalórico” (Imagem: Universidade de Hong Kong/Reprodução)

Mais um: outro sistema promete superar o ar-condicionado

O resfriamento elastocalórico não é o único. Uma startup francesa chamada Caeli Energia está trabalhando em um dispositivo que promete consumo até cinco vezes menor que outros sistemas atuais de resfriamento.

Nesse caso, o modelo depende de resfriamento adiabático, ou seja, em que não há troca de calor com o ambiente. No lugar, o sistema é isolado e o resfriamento vem do próprio trabalho da máquina, que usa o ponto de orvalho e a evaporação da água para resfriar o fluxo de ar que vem do ambiente em que está instalado.

Na prática, quanto maior a temperatura externa, mais a máquina vai trabalhar… e mais eficiente será o resfriamento. Além disso, o equipamento em si é um aparelho em formato oval bastante estiloso, que não requer uma condensadora externa (aquela parte externa do ar-condicionado). Ou seja, bem mais fácil e prático de instalar.

Segundo a empresa, a invenção tem desempenho até quatro vezes maior do que um ar-condicionado tradicional e não emite nenhum tipo de gás tóxico.

O Olhar Digital já havia reportado essa novidade aqui. Agora, a expectativa é que o produto esteja disponível no Brasil no final deste ano, por entre R$ 14 mil e R$ 18 mil (já instalado).

Parte frontal do aparelho em uma parede verde ao lado de uma porta branca
Espaços de 20 a 40 m² podem ser ventilados pela invenção francesa (Imagem: Divulgação/Caeli Energie)

Como resfriar uma cidade inteira?

Como falamos acima, os gases liberados pelo ar-condicionado podem favorecer a formação das ilhas de calor, principalmente nas cidades. E como fazer para resfriar uma cidade inteira?

Um estudo publicado na Geophysical Research Letters trouxe uma solução: usar tinta branca para pintar telhados ou cobri-los com revestimentos refletivos.

A equipe comparou os efeitos térmicos dessa técnica com painéis solares, telhados verdes (cobertos por vegetação), vegetação no solo e o ar-condicionado tradicional. O resultado? Enquanto os outros sistemas variam entre 0,3ºC e 0,5ºC de resfriamento, o telhado branco pode reduzir as temperaturas externas em até 2ºC.

Bem mais eficiente e barato do que o ar-condicionado.

Termômetro marcando 39ºC em dia quente numa cidade
Telhados brancos são mais eficientes em resfriar cidades do que qualquer outro método (Imagem: Paulo Pinto/Agência Brasil)

É o fim do ar-condicionado?

As duas iniciativas são bastante promissoras.

No caso do resfriamento elastocalórico, a equipe estava confiante de que, no futuro, a tecnologia saia do papel e vire uma solução eficiente e sustentável no mercado. Eles acreditam que a iniciativa possa até melhorar a bateria de carros elétricos.

Já no segundo caso, o equipamento deve ser lançado em breve, mas ainda tem valores bem salgados.

No caso da pintura branca, depende dos proprietários das casas e prédios. O benefício foi comprovado.

No final das contas, é bem provável que não seja o fim do ar-condicionado, pelo menos por enquanto. Mas vale lembrar que, no futuro, essas iniciativas sustentáveis devem se tornar mais comuns, baratas e fáceis de produzir, incentivando a implementação.

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