Pela primeira vez na história da humanidade, uma sonda tirou fotos dos polos do Sol. A responsável pelo feito foi a Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia (ESA). Diferente de outras missões que orbitam o Sol, a Solar Orbiter inclinou sua órbita, o que permitiu uma nova perspectiva.
Os cientistas esperam que essa nova perspectiva traga descobertas inéditas sobre o funcionamento do campo magnético solar. E sobre fenômenos dinâmicos e inesperados nos polos da estrela, segundo comunicado publicado pela ESA nesta quarta-feira (11).
Apesar das descobertas iniciais, o mais promissor ainda está por vir. Isso porque parte dos dados ainda não foram transmitidos à Terra. Os dados da primeira órbita completa de polo a polo da missão da ESA, iniciada em fevereiro de 2025, por exemplo, só chegarão à Terra em outubro de 2025.
‘Primeiras imagens dos polos solares são apenas o começo’, diz pesquisador
Entre 16 e 17 de março de 2025, instrumentos registraram imagens do polo sul solar a partir de um ângulo de 15 graus abaixo do equador. A missão visa aprofundar o conhecimento sobre a atividade magnética solar e suas variações ao longo de um ciclo de 11 anos.
Essas primeiras imagens dos polos solares são apenas o começo. Nos próximos anos, haverá muito espaço para descobertas científicas. Não sabemos exatamente o que vamos encontrar e é provável que vejamos coisas que antes desconhecíamos.
Hamish Reid, co-líder do instrumento EUI, do Mullard Space Science Laboratory da University College London (UCL), ao Space.com.
O que cada instrumento observa
Os instrumentos usados pela Solar Orbiter para observar o Sol foram: PHI (Polarimetric and Helioseismic Imager), EUI (Extreme Ultraviolet Imager) e SPICE (Spectral Imaging of the Coronal Environment). Eles funcionam assim:
- PHI: capta observações solares em luz visível e consegue mapear o campo magnético do Sol;
- EUI: registra imagens da estrela em luz ultravioleta (permite estudos sobre o plasma superaquecido da coroa solar, a atmosfera externa do Sol);
- SPICE: capta luz emitida por plasmas a diferentes temperaturas acima da superfície solar (ajuda a modelar as diversas camadas da atmosfera solar).

Comparar essas três abordagens – diferentes, mas complementares – de observar o Sol deve permitir que cientistas mapeiem o fluxo de material nas camadas externas do Sol.
Esse esforço pode revelar padrões de movimento inesperados, como vórtices ao redor dos polos solares, semelhantes aos observados nos polos de Vênus e Saturno.
Missão da ESA quer construir retrato completo da atividade magnética do Sol
O principal objetivo da mudança na órbita da Solar Orbiter é construir um retrato mais completo da atividade magnética do Sol. Essa abordagem já revelou novidades sobre a região sul do Sol e seu magnetismo.

Uma das primeiras descobertas da Solar Orbiter foi o fato de que os campos magnéticos ao redor do polo sul do Sol parecem ser uma bagunça.
- Enquanto campos magnéticos padrão têm polos norte e sul bem definidos, as novas observações revelam que polaridades norte e sul coexistem no polo sul solar.
“Como exatamente essa formação ocorre ainda não é totalmente compreendido, então a Solar Orbiter alcançou altas latitudes no momento certo para acompanhar o processo completo a partir de uma perspectiva única e vantajosa“, explicou Sami Solanki, líder da equipe do instrumento PHI, do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar (MPS).

As observações também mostraram que enquanto o equador do Sol possui os campos magnéticos mais fortes, os polos apresentam uma estrutura complexa e em constante mudança.
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Além disso, o Solar Orbiter permitiu medir a velocidade da ejeção dos átomos de carbono do Sol em plumas e jatos.
“A nova perspectiva da Solar Orbiter nos dará uma visão mais completa de como o vento solar se expande para formar uma vasta bolha ao redor do Sol e dos planetas, chamada heliosfera,” disse Chris Owen, pesquisador do Mullard Space Science Laboratory (UCL) e investigador principal do instrumento Solar Wind Analyser, ao Space.com.
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