Governos trataram mal suas moedas e abriram espaço para as criptomoedas, diz Roberto Campos Neto

O Banco Central do Brasil está produzindo uma série de conversas entre Gabriel Galípolo, atual presidente do BCB, com ex-presidentes do Banco. O convidado do episódio 10 foi Roberto Campos Neto.

Como destaque, Campos Neto aponta que governo trataram mal suas moedas, sem prestação de conta aos cidadãos, e isso acabou fazendo com que eles procurassem as criptomoedas como uma alternativa.

Tal movimento, no entanto, não é único dos cidadãos. Isso porque RCN acredita que até mesmo bancos centrais adotarão esses ativos.

Ex-presidente do Banco Central do Brasil fala sobre Bitcoin e criptomoedas

Roberto Campos Neto atuou como presidente do Banco Central do Brasil entre 2019 a 2024. Ao fim de seu trabalho, o economista estava focado no lançamento do Drex, mas também defendia que bancos centrais deveriam ter exposição às criptomoedas.

Questionado por seu sucessor Gabriel Galípolo sobre o que ele responderia para um leigo sobre qual é o papel do Banco Central e como essa resposta mudou ao longo dos últimos 60 anos, RCN deu destaque para a tecnologia.

“Eu acho que a inovação tecnológica, a inovação na parte de informação […] o custo marginal de resgatar dinheiro foi para quase zero. São três, quatro cliques no celular”, explicou Campos Neto. “O fato de você conseguir hoje gerar quase uma corrida bancária por um rumor na mídia social, o fato de sair um resultado ruim de um banco e todo mundo ficar sabendo em tempo real… Eu acho que isso mudou muito a forma de fazer a regulação bancária.”

Seguindo, o ex-presidente do BCB aponta que diversas empresas fora do sistema bancário tradicional começaram a oferecer serviços do tipo, o que pressionou bancos a modernizarem seus produtos.

“Acho que tem uma parte de criptomoedas, criptoativo, stablecoins, que acelerou muito e que está forçando os bancos, ainda que com alguma resistência, a olhar isso de uma forma diferente. O que a gente chama de DeFi, que são as finanças descentralizadas, os bancos vão precisar estar mais próximos disso.”

O economista afirma que os últimos seis anos trouxeram muito mais mudanças que os 20 anos anteriores e que essa tendência continuará.

Campos Neto também citou o Bitcoin em sua resposta, notando que a criptomoeda pode ser vista como um ouro digital.

“Na parte de política monetária em si, eu acho que também, com essa coisa de uma parte do crédito estar fora do sistema, com a coisa da digitalização e com o questionamento em relação a qual é o melhor tipo de reserva de valor… Será que eu consigo ter uma propriedade digital? Que é todo o tema que hoje está sendo discutido no Congresso americano em relação ao Bitcoin”, comentou o ex-presidente do BCB.

“E assim, a constatação de que os governos, ao longo dos últimos anos, trataram mal as moedas, globalmente falando. Muita emissão de dívida, muita pouca prestação de contas para o detentor da moeda, para o cidadão, sobre o que está sendo feito. Muita saída fácil através de vários tipos de governo, que no final das contas custaram a credibilidade da moeda. Isso também faz com que você tenha esse movimento pelas moedas digitais.”

Finalizando sua resposta, Campos Neto dá destaque para os avanços nos EUA, notando que isso é um sinal do início de uma corrida por uma fusão entre o mundo digital e de criptomoedas, bem como uma aproximação de bancos tradicionais a esse universo.

“Políticas de aproximar stablecoin com cartões pré-pagos ou com uma forma forte de monetizar os ativos digitais vão fazer parte da estratégia dos bancos no futuro”, finalizou.

Em outros trechos da conversa, Roberto Campos Neto também falou sobre sua entrada no BCB, planos na época, e o que diria hoje para seu eu do passado.

Em vídeos passados, que podem ser encontrados no canal do Banco Central no YouTube, Gabriel Galípolo também conversou com Ilan Goldfajn, Alexandre Tombini, Gustavo Franco, Armínio Fraga, Gustavo Loyola e outros ex-presidentes do BCB.

Fonte: Governos trataram mal suas moedas e abriram espaço para as criptomoedas, diz Roberto Campos Neto

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