IA pode roubar seu emprego, alerta CEO de empresa de IA

A cada dia, semana, mês, modelos de inteligência artificial (IA) ficam melhores em tarefas até então exclusivas a humanos. Escrever, pintar, compor. Isso pode, sim, impactar profundamente nichos do mercado de trabalho. E em pouco tempo. É o que alerta o CEO da Anthropic, Dario Amodei, em entrevista ao Axios.

A ironia: Anthropic está entre principais nomes quando o assunto é IA generativa (aquela capaz de “criar”). A empresa é rival direta da OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, por exemplo. E tem seu próprio “ChatGPT”, chamado Claude.

IA pode eliminar metade dos ‘primeiros empregos’ em áreas administrativas, diz CEO da Anthropic

Amodei alertou o seguinte: a IA pode eliminar metade dos empregos de nível inicial em áreas administrativas e causar desemprego entre 10% e 20% nos próximos um a cinco anos.

IA pode roubar ‘primeiros empregos’ de muita gente, diz CEO da Anthropic (Imagem: Lightspring/Shutterstock)

Ele critica a postura de otimismo exagerado adotada por empresas de tecnologia e pelo próprio governo dos Estados Unidos.

A maioria nem sabe que isso está prestes a acontecer. Parece loucura e as pessoas simplesmente não acreditam.

Dario Amodei, CEO da Anthropic, em entrevista ao Axios

Para Amodei, é hora de parar de “dourar a pílula”. Ele recomenda encarar os riscos de um colapso no emprego, principalmente em setores como tecnologia, finanças, direito, consultoria e outras funções administrativas.

É irônico? Sim, mas…

Apesar de estar à frente do desenvolvimento da IA generativa, Amodei disse que se sente na obrigação de alertar a sociedade e pressionar por medidas de proteção.

Nós, como produtores dessa tecnologia, temos o dever e a obrigação de sermos honestos sobre o que está por vir“, disse Amodei.

Celular mostrando ícone do Claude, inteligência artificial da Anthropic, na frente de monitor com foto do CEO da Anthropic, Dario Amodei
CEO da Anthropic disse que se sente na obrigação de avisar sociedade sobre perigo de IA roubar empregos (Imagem: El editorial/Shutterstock)

Segundo o CEO, poucos estão prestando atenção. De um lado, parlamentares não compreendem o problema. De outro, CEOs evitam falar sobre. No fim, os trabalhadores só perceberão o impacto quando já for tarde.

“É uma dinâmica muito estranha”, disse Amodei.Estamos dizendo: ‘Vocês deveriam se preocupar com para onde está indo a tecnologia que estamos construindo’.

A tecnologia da Anthropic já é capaz de programar quase no mesmo nível de humanos. Amodei enxerga nela um potencial enorme tanto para o bem quanto para o mal.

O câncer é curado, a economia cresce 10% ao ano, o orçamento é equilibrado — e 20% das pessoas ficam sem trabalho.

Dario Amodei, CEO da Anthropic, em entrevista ao Axios

‘AI 2027’

Um alerta parecido veio de Daniel Kokotajlo – o “profeta do apocalipse” – numa entrevista a Ross Douthat no podcast Interesting Times, do New York Times (também disponível no Spotify e Apple Podcasts).

Kokotajlo é engenheiro e trabalhava na OpenAI. Em 2024, ele se demitiu por não compactuar com o que estava sendo feito na empresa. Depois, fundou um instituto para estudar os impactos da IA na sociedade. Recentemente, publicou um relatório intitulado “AI 2027“. Para ele, é o ano do apocalipse.

Demissão silenciosa causada pela IA já começou

O alerta de Dario Amodei, CEO da Anthropic, já está se concretizando. Enquanto alguns tratam a revolução da IA como algo distante, trabalhadores de escritório começam a sentir na pele o apocalipse do emprego, segundo reportagem do Quartz.

Ilustração de robô humanoide com inteligência artificial digitando em computador desktop num escritório
IA já começou a substituir trabalhadores humanos em escritórios (Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

Desde empresas modernas como Accenture até setores mais tradicionais, cargos iniciantes e cargos gerenciais têm sido eliminados. Os cortes na Microsoft, que demitiu engenheiros de software, e no Duolingo, que substituiu redatores bilíngues, são apenas a ponta do iceberg.

Isso porque muitas demissões passam despercebidas. Essas acontecem de forma silenciosa: em convites de reunião, canais do Slack que param de ser usados, grupos que viram piadas. E pior: existem vagas que nunca são reabertas porque os cargos simplesmente deixaram de existir.

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O que começou a acontecer é diferente de automação em fábricas. Agora, a IA está alcançando escritórios. Onde antes bastavam diploma e capacidade de navegar em ambientes corporativos, hoje é a IA que ocupa o espaço.

Até mesmo CEOs e investidores temem perder seus cargos para a IA, segundo a reportagem. O “AI 2027” fica mais plausível a cada dia.

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