Países da América Latina se uniram no desenvolvimento do Latam-GPT, descrito como o primeiro modelo de linguagem aberto da região. A iniciativa é encabeçada pelo Chile e visa promover a adoção de inteligência artificial por aqui – com expectativa de lançamento muito em breve.
A IA é treinada para entender as diversas culturas e línguas presentes na América Latina, incluindo dialetos e idiomas indígenas que estão se perdendo. O Brasil é um dos colaboradores.
Latam-GPT: o que é a IA própria da América Latina?
Segundo o Ministério de Ciência do Chile, o Latam-GPT “é o primeiro LLM aberto da região, e sua formação visa refletir a cultura, a língua e a história da América Latina e do Caribe“. O modelo é treinado a partir do Llama 3 (modelo aberto da Meta) e conta com colaboração de países de toda a região.
O projeto é liderado pelo Centro Nacional de Inteligência Artificial (CENIA) do Chile e visa melhorar o entedimento da tecnologia nas especificidades latino-americanas, como idiomas, dialetos e expressões culturais.
Vale lembrar que os principais modelos de inteligência artifciial no mercado atualmente são norte-americanos e, portanto, treinados em inglês. Eles funcionam em vários idiomas usando recursos de tradução, mas acabam não refletindo as especificidades do português e do espanhol. O Olhar Digital já falou sobre isso aqui.
A iniciativa também busca aumentar a adoção de IA na região. Aisen Etcheverry, ministra da Ciência chilena, destacou o poder “democratizador para a IA” e espera que o Latam-GPT seja usado em escolas e hospitais justamente para refletir a cultural latino-americana.

IA latino-americana pode ajudar a preservar línguas indígenas
- Um dos objetivos do Latam-GPT é preservar línguas indígenas. Um tradutor inicial já está sendo desenvolvido em Rapa Nui, língua nativa da Ilha de Páscoa;
- A iniciativa deve estender o treinamento para outros idiomas indígenas da América Latina;
- De acordo com a Reuters, a intenção é aplicá-lo em assistentes virtuais de serviço público e sistemas educacionais personalizados;
- E apesar das amplas aplicações, a IA não pretende rivalizar com outros nomes do setor, como o GPT, que alimenta o ChatGPT, da OpenAI.

Brasil está colaborando com o Latam-GPT
O Brasil se juntou à iniciativa em abril deste ano, com a assinatura de um Memorando de Entendimento para cooperação em Inteligência Artificial entre nosso país e o Chile.
Na parte brasileira, a assinatura foi de Luciana Santos, Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, durante visita de representantes chilenos ao Palácio do Planalto, em Brasília.
Etcheverry, inclusive, destacou a importância da adesão do Brasil e da iniciativa como um todo:
A adesão de um gigante da tecnologia como o Brasil ao projeto Latam-GPT demonstra a liderança do Chile em IA e representa um marco político, pois, até o momento, a maioria dos modelos de linguagem foi desenvolvida no Norte Global. O Latam-GPT não representa apenas um avanço tecnológico, mas também uma ferramenta que democratiza o acesso à IA, oferecendo tecnologia mais acessível, útil e adaptada à realidade das pessoas na América Latina e no Caribe.
Aisén Etcheverry, Ministra da Ciência do Chile

Quando o Latam-GPT estará pronto?
Ainda de acordo com a Reuters, a expectativa é que o Latam-GPT seja lançado em setembro. Já existe um site com as principais informações do modelo (você pode acessá-lo aqui).
Além dos países da América Latina, empresas privadas como CAF e Amazon Web Services (divisão de nuvem da Amazon) estão apoiando o projeto.
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