As mudanças climáticas representam uma ameaça significativa para a biodiversidade global, e o Brasil, com sua vasta riqueza natural, não está imune a esses efeitos. Um estudo recente conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) destaca que mais de 90% das espécies brasileiras de plantas e animais enfrentarão impactos severos se o aquecimento global continuar no ritmo atual. Este cenário é alarmante, especialmente para biomas como o Pantanal, a Amazônia e a Mata Atlântica, que são particularmente vulneráveis.
O estudo, publicado no periódico Perspectives in Ecology and Conservation, é uma síntese de mais de 20,5 mil projeções sobre os impactos das mudanças climáticas em mais de 7,5 mil espécies. A pesquisa revela que, se não houver uma mudança significativa nas emissões de gases de efeito estufa, pelo menos um quarto das espécies brasileiras pode perder mais de 80% de seu habitat, correndo o risco de extinção.
Quais são os principais biomas afetados?
O Pantanal é apontado como o bioma mais severamente afetado pelas mudanças climáticas, seguido pela Amazônia e pela Mata Atlântica. As projeções indicam que esses biomas enfrentarão aumentos significativos de temperatura e alterações nos padrões de precipitação, o que poderá resultar em uma perda considerável de biodiversidade. A Amazônia, por exemplo, pode sofrer uma redução nas chuvas, enquanto o sul da Mata Atlântica pode enfrentar um aumento na precipitação.
Como as espécies exóticas invasoras são impactadas?
Curiosamente, o estudo sugere que as espécies exóticas invasoras podem ser menos afetadas pelas mudanças climáticas em comparação com as espécies nativas e endêmicas do Brasil. Isso ocorre porque as espécies invasoras geralmente possuem uma maior capacidade de adaptação a novas condições ambientais, o que lhes permite prosperar mesmo em ambientes alterados.
Apesar do cenário preocupante, existem estratégias que podem ajudar a mitigar os impactos das mudanças climáticas na biodiversidade brasileira. Entre as medidas sugeridas estão a ampliação das unidades de conservação, a redução do desmatamento e da poluição, e o fortalecimento das ações de restauração ambiental. Essas ações são essenciais para aumentar a resiliência dos ecossistemas e proteger o patrimônio natural do Brasil.
O papel do Acordo de Paris na proteção da biodiversidade
O estudo destaca a importância do Acordo de Paris na mitigação dos impactos das mudanças climáticas. Se as metas do acordo forem cumpridas, limitando o aumento da temperatura global a 2ºC acima dos níveis pré-industriais, o número de espécies em risco de extinção pode ser reduzido pela metade. No entanto, os pesquisadores enfatizam que, além de conter o desmatamento, é crucial enfrentar a principal causa das mudanças climáticas: a queima de combustíveis fósseis.
Em resumo, a crise climática representa um desafio significativo para a biodiversidade brasileira, mas com ações coordenadas e o cumprimento das metas globais de redução de emissões, é possível reduzir os impactos e proteger as espécies que compõem a rica fauna e flora do país.
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