Neymar não é santo, mas fazer jornalismo não é desejar o mal

Todos nós sabíamos que Neymar seria o foco principal da mídia esportiva desde seu retorno ao Santos. Por onde passou, o camisa dez sempre atraiu todos os holofotes para ele. E isso fica ainda mais evidenciado quando as coisas não saem como esperado dentro de campo. Os momentos mais recentes da carreira do jogador são rodeados por frustrações, choros e muitas lesões.

A gente pode questionar se os problemas físicos de Neymar são reflexos de uma carreira marcada por excessos fora de campo. Acredito que seja, mas cada um vai ter sua opinião e a dele é que nada disso influencia. Não tenho como convencê-lo ou fazê-lo entender o óbvio, por mais claro que possa parecer. E vou te dizer que o maior talento recente do futebol mundial nem quer ouvir as opiniões dos outros.

Nunca quis, é bem verdade. Deveria? Como pedir para Neymar ouvir as opiniões sobre ele se todas ou quase todas passam do ponto? Este texto não é uma defesa ao camisa dez do Santos. Ele nunca foi santo, sempre cometeu erros – dentro e fora de campo. Mas como jornalista temos a missão de manter a ética e de criticar, claro, porém sempre com responsabilidade e respeito.

Neymar voltou a se lesionar

Criticar Neymar virou moda? Não, ele pede muitas vezes para ser criticado. Mas ler textos desesperados por cliques é cada vez mais incômodo. Vamos dar nomes aqui: na recente partida contra o Atlético-MG, o atacante voltou a sentir dores na coxa esquerda e saiu de campo chorando. No mesmo momento, Juca Kfouri publicou um texto no UOL com o título: “Quem tem pena de Neymar?

Ninguém tem que ter pena de Neymar, caro Juca. Não porque ele merece ficar lesionado, mas pelo motivo de muitos simplesmente não gostarem do comportamento do jogador e preferirem ignorar. Mas desejar o mal a alguém apenas para que sua opinião seja comprovada é de um desrespeito gigante, do mesmo tamanho das falhas do “ex-jogador quase em atividade” fora de campo.

E estou citando apenas um nome da imprensa esportiva brasileira. Mas a lista é bem grande e conta com Casagrande e Neto, apenas para citar os principais. Quando Neymar jogou bem no Paulistão ninguém escreveu textos, mas quando ele se machucou… Ser jornalista é ser isento e não deixar que suas opiniões pessoais tomem conta e dominem o teor do que está sendo escrito ou falado.

Neymar segue sem conseguir ter sequência de jogos
Neymar segue sem conseguir ter sequência de jogos (Crédito: Getty Images)

A santificação nunca existiu

Neymar não é santo. Nunca foi e nunca vai ser. Nunca sequer quis passar essa imagem. Está pagando pela falta de preocupação com a carreira? Muito provável que sim. Mas será que não estamos extrapolando? Pense se você ficaria feliz em não conseguir fazer seu trabalho, aquilo que mais ama, por não ter condições físicas. A sensação seria gostosa? Claro que não, independente das atitudes tomadas anteriormente.

Que Neymar possa voltar a fazer o que ama. Pouco importa se ele vai conseguir render o que se espera dele. O foco é conseguir retornar aos jogos com regularidade. As consequências das decisões tomadas ao longo da carreira dizem respeito apenas a ele. Enquanto isso, cabe à imprensa questionar, criticar e se posicionar, mas nunca passando do ponto para ganhar cliques ou aparecer.


 

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