Observatório de Greenwich, marco da ciência, completa 350 anos

O Observatório Real de Greenwich (o Royal Observatory Greenwich), na Inglaterra, celebra neste 22 de junho seus 350 anos de história. Conhecido mundialmente por abrigar o Meridiano de Greenwich, referência global para a medição do tempo e da posição no planeta, o local é considerado por muitos o berço da astronomia moderna.

A origem do observatório remonta a 1675, quando o rei Carlos II decidiu criar uma instituição científica dedicada a resolver um dos maiores desafios da navegação: como determinar a longitude no mar. Naquela época, os navegadores já sabiam calcular a latitude, mas a longitude permanecia um mistério — um problema crítico para o comércio, a diplomacia, a exploração e os interesses militares.

O Observatório Real de Greenwich está completando 350 anos (Imagem: Cristian M Balate / Shutterstock.com)

A busca por precisão na navegação marítima

  • O Observatório Real de Greenwich foi criado com uma missão muito clara: desenvolver um método preciso para medir a longitude no oceano.
  • Para isso, o rei nomeou John Flamsteed como primeiro “Astronomical Observator”, cargo que se tornaria conhecido como Astrônomo Real, e encomendou ao arquiteto Christopher Wren o projeto do edifício original.
  • Por décadas, gerações de astrônomos se dedicaram a observar os movimentos da Lua, das estrelas e dos planetas, usando como referência uma linha imaginária que cruzava o próprio observatório: o meridiano local.
  • Esse trabalho resultou na criação do primeiro Nautical Almanac, um conjunto de tabelas que ajudava marinheiros a prever a posição dos astros ao longo do ano.
  • A solução definitiva para o problema da longitude veio no século XVIII, quando o relojoeiro John Harrison desenvolveu um cronômetro capaz de funcionar em navios, uma revolução, já que os relógios de pêndulo não eram precisos em alto-mar.
  • A combinação desse instrumento com os dados do Nautical Almanac finalmente permitiu aos navegadores determinar a longitude de forma segura.

Greenwich como referência mundial

A influência do observatório se consolidou de forma definitiva quando, na década de 1880, dois terços dos navios do mundo já usavam mapas baseados no meridiano de Greenwich. Esse reconhecimento foi formalizado em 1884, durante uma conferência internacional que oficializou Greenwich como o Meridiano Zero, referência global para a medição de longitudes.

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Greenwich é referência global com o Meridiano Zero (Imagem: cowardlion / Shutterstock.com)

A decisão também levou à criação do Greenwich Mean Time (GMT), que se tornou o padrão mundial para a medição do tempo — uma necessidade crescente com a expansão das redes ferroviárias e das comunicações. A partir daí, o Observatório Real de Greenwich se consolidou como um centro fundamental para a astronomia, a navegação e a padronização do tempo no planeta.

Avanços científicos e desafios históricos

Com a questão da longitude resolvida, o Observatório Real de Greenwich passou a se dedicar a outras áreas, como o estudo do campo magnético da Terra, a observação de trânsitos planetários e a análise de estrelas binárias. Para isso, investiu em equipamentos de ponta, como o Grande Telescópio Equatorial, instalado em 1893, com uma lente de 28 polegadas, protegido pela icônica cúpula conhecida como “Onion Dome”.

O observatório também refletiu mudanças sociais. Na década de 1890, passou a contratar mulheres como “computadoras”, responsáveis por processar dados astronômicos. Entre elas estava Annie Maunder, uma das primeiras mulheres a se destacar na astronomia britânica, que contribuiu significativamente para o estudo das manchas solares e, junto com seu marido, criou o famoso “diagrama borboleta”, que representa o ciclo de atividade do Sol.

Ao longo de sua história, o observatório enfrentou situações de tensão, como um atentado anarquista em 1894 e os bombardeios da Segunda Guerra Mundial, que danificaram parte da Onion Dome. Na época, o telescópio principal já havia sido desmontado e transferido para outro local, evitando a destruição total do equipamento.

De centro de pesquisa a patrimônio histórico

No pós-guerra, a crescente poluição luminosa, a interferência magnética e as vibrações causadas pelos trens tornaram Greenwich um local inadequado para observações astronômicas precisas. Por isso, em 1948, o observatório foi transferido para Herstmonceux, no interior da Inglaterra. Mesmo assim, em 1971, o Grande Telescópio Equatorial voltou para Greenwich, onde permanece como peça histórica.

Hoje, o Observatório Real de Greenwich funciona como museu e centro de divulgação científica, oferecendo exposições, visitas guiadas, palestras e atividades que atraem pessoas interessadas na história da astronomia e na exploração do espaço. “Compartilhamos as maravilhas do tempo e do espaço com nossos visitantes por meio de galerias, tours e atividades sobre nosso legado”, afirmou Daisy Chamberlain, curadora assistente de História da Ciência do observatório, ao Space.com.

O Observatório Real de Greenwich se tornou um museu e centro de divulgação científica (Imagem: Pit Stock / Shutterstock.com)

Astronomia no século XXI em Greenwich

Apesar das limitações impostas pela poluição luminosa de Londres, o Observatório Real de Greenwich mantém ativa a tradição da observação astronômica. Atualmente, os astrônomos utilizam o moderno Annie Maunder Astrographic Telescope, que combina um telescópio Schmidt-Cassegrain e um refrator menor, para registrar trânsitos planetários e produzir imagens de alta qualidade do cosmos.

“Temos o privilégio de manter a astronomia prática viva no observatório, usando tecnologias que nossos antecessores jamais poderiam imaginar”, explicou Jake Foster, astrônomo do Observatório Real de Greenwich. “Com astrofotografia e transmissões ao vivo de eventos astronômicos, queremos trazer as maravilhas do universo para todos.”

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