A Opera anunciou oficialmente o Opera Neon, navegador que marca o início de uma nova fase para a empresa no campo da inteligência artificial (IA). Diferente das soluções que apenas integram chatbots a navegadores tradicionais, o Neon foi criado com a proposta de ser um agente inteligente completo, capaz de navegar com ou por você, executar tarefas e até criar conteúdos de forma autônoma.
O lançamento foi detalhado em um post no blog oficial da companhia. O Olhar Digital ainda entrevistou Henrik Lexow, Diretor Sênior de Produto em IA da Opera, que comentou mais detalhes sobre o mais novo navegador da empresa.
O navegador já está com lista de espera aberta para os primeiros usuários, e funcionará por meio de uma assinatura premium. A proposta é posicionar o Opera Neon como uma ferramenta central na chamada “Web 4.0”, nome usado pela empresa para descrever uma nova fase da internet marcada pela presença de agentes autônomos capazes de operar diretamente nas ações do usuário.
Essa transição, segundo a Opera, coloca o navegador como protagonista em um cenário em que IA e navegação estão cada vez mais integradas.
Vivemos um momento em que a inteligência artificial pode mudar fundamentalmente a forma como usamos a internet e realizamos tarefas no navegador. O Opera Neon coloca essa revolução na palma da mão dos nossos usuários.
Henrik Lexow, Diretor Sênior de Produto em IA da Opera, em comunicado à imprensa
Navegador “agentic”: mais do que um chatbot
Segundo Lexow, o conceito de navegador agentic vai além de oferecer respostas em linguagem natural. “Um navegador agente como o Opera Neon pode navegar com você ou por você, tomar decisões e ajudar a realizar tarefas — como pesquisar um assunto ou automatizar um fluxo de trabalho”, explicou.
Três funções principais compõem o núcleo do Opera Neon:
- Neon Chat: um assistente nativo que entende o contexto da navegação, oferece respostas confiáveis, ajuda em pesquisas, realiza buscas e sugere ideias proativas. Também pode gerar imagens, arquivos diversos e trechos de código sob demanda.
- Neon Do: baseado na tecnologia anteriormente chamada de “Browser Operator”, esse recurso automatiza tarefas rotineiras como preenchimento de formulários, reservas de viagem e compras online, com velocidade superior a soluções baseadas em interface visual.
- Neon Make: um motor de IA que transforma ideias em resultados concretos, como jogos, relatórios, sites ou sistemas interativos. Opera por meio de uma máquina virtual na nuvem, capaz de continuar as criações mesmo se o usuário ficar offline.



Essas ferramentas atuam de forma integrada, permitindo desde a coleta de informações (Chat), passando pela execução de tarefas (Do), até a criação de novos conteúdos (Make). Além disso, o Opera Neon se destaca por permitir multitarefa com IA, sendo possível executar várias criações ao mesmo tempo, coordenando múltiplos agentes para atender a demandas simultâneas.
Como funciona o Opera Neon na prática
O navegador opera com foco em privacidade e eficiência local. A maior parte das funções do Opera Neon, especialmente a de execução de tarefas com o “Do”, funciona diretamente no computador do usuário. O agente entende as páginas da web por meio de sua estrutura DOM e dados de layout, sem depender de gravações de tela ou cliques simulados. Isso permite maior rapidez e preservação da privacidade, mantendo histórico, logins e cookies armazenados localmente.
Já a função “Make” utiliza uma máquina virtual hospedada na Europa. Mesmo se o usuário perder a conexão, o projeto continuará sendo processado na nuvem e estará disponível ao retomar o navegador. Esse sistema é capaz de dividir uma tarefa em partes menores, instalar automaticamente bibliotecas em Python ou frameworks em JavaScript, detectar falhas e tentar corrigi-las de forma autônoma — sem exigir conhecimento técnico prévio.

“O navegador é pensado para funcionar como um parceiro — o que implica colaboração, e não uma autonomia completa e sem supervisão”, reforçou Lexow. O usuário pode retomar o controle a qualquer momento durante a execução de ações.
Web 4.0 e a evolução da internet
- Para explicar o conceito da Web 4.0, a Opera contextualiza a evolução da internet desde suas primeiras fases.
- A Web 1.0 era estática, com páginas criadas apenas por programadores. A Web 2.0 popularizou redes sociais e a criação de conteúdo pelos próprios usuários.
- Já a Web3 trouxe foco em descentralização, com tecnologias como o blockchain.
- Agora, na Web 4.0, os agentes de IA assumem papel ativo. Eles não apenas auxiliam, mas tomam decisões, executam tarefas e interagem diretamente com os sistemas digitais.
- O Opera Neon nasce como uma ferramenta para explorar esse novo momento — combinando colaboração homem-máquina, autonomia e responsabilidade.
Compatibilidade, idioma e planos para o Brasil
Embora ainda não ofereça suporte ao português no lançamento, a empresa afirmou que essa é uma prioridade futura. Além disso, não há garantias de otimização imediata para dispositivos com hardware mais básico ou conexões instáveis. “Vamos buscar resolver essas questões conforme elas surgirem”, disse o executivo.
Para acessar os recursos de IA, será necessário criar uma conta Opera. O uso anônimo, portanto, não será compatível com as funcionalidades de agentes inteligentes.
Leia mais:
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A volta do nome Neon
O nome Opera Neon não é inédito. Em 2016, a empresa lançou um navegador conceitual com o mesmo nome, que apresentou recursos como barra lateral com mensageiros, reprodutor multimídia embutido e modo de tela dividida. A nova versão, no entanto, deixa o conceito de lado e aposta em tornar-se o centro da navegação assistida por IA.
“Queremos usar o mesmo nome porque ele se tornou símbolo de inovação e mudança — palavras que descrevem bem o que está acontecendo com a web agora”, afirmou Lexow.

Os interessados podem se inscrever na lista de espera no site oficial para testar o Opera Neon antes do lançamento comercial.
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