Por que não é possível prever um terremoto?

Com o avanço da ciência, tornamo-nos capazes de prever com precisão a chegada de furacões, tempestades tropicais, enchentes e até eclipses solares com décadas de antecedência.

Satélites, modelos climáticos, sensores oceânicos e supercomputadores nos ajudam a entender os padrões da Terra como nunca antes.

Mas quando o assunto é a força bruta da natureza agindo debaixo dos nossos pés, como no caso dos terremotos, a realidade ainda é muito diferente.

Apesar de todos os avanços em tecnologia e monitoramento, ninguém ainda consegue prever com exatidão quando ou onde um terremoto vai acontecer. Esse limite da ciência moderna mostra que, por mais que tenhamos conquistado conhecimento sobre o planeta, há forças naturais que continuam nos pegando de surpresa.

Por que não é possível prever um terremoto?

A ideia de prever um terremoto com precisão ainda é um desafio que a ciência não conseguiu superar.

Estrago deixado numa cidade após um terremoto (Imagem: Unicef/Redes sociais)

Embora os avanços em geofísica e tecnologia sísmica tenham permitido grandes melhorias no monitoramento das falhas geológicas e na compreensão da dinâmica das placas tectônicas, nenhum método atual consegue apontar com exatidão o momento em que um terremoto vai acontecer.

Isso ocorre porque o comportamento das rochas no interior da Terra é extremamente complexo e não segue um padrão fixo que possa ser usado como base para uma previsão determinística.

Na prática, o que os cientistas conseguem fazer é estimar a probabilidade de um terremoto ocorrer em determinada região, com base em dados históricos, no comportamento de falhas conhecidas e na movimentação das placas tectônicas. Isso é chamado de avaliação probabilística de risco sísmico.

Por exemplo, se uma falha geológica não libera energia há muito tempo, os geólogos sabem que há maior chance de um terremoto acontecer ali, mas não conseguem prever se isso vai ocorrer amanhã, no ano seguinte ou em décadas.

A dificuldade principal está no fato de que os sinais que antecedem um terremoto são extremamente sutis, muitas vezes inexistentes ou indistinguíveis de outras pequenas movimentações naturais do solo.

Mapa mostrando epicentro de terremoto no Chile
A área circular em vermelho indica a extensão afetada por um terremoto que ocorreu no Chile (Imagem: Reprodução/EMSC)

Mesmo quando há registros de tremores pequenos (os chamados “tremores precursores”), eles nem sempre antecedem um terremoto maior. E, em muitos casos, terremotos catastróficos ocorrem sem qualquer tipo de aviso prévio detectável.

Por conta disso, a maior parte dos países investe em sistemas de alerta precoce e preparação da população.

Esses sistemas não preveem o terremoto, mas detectam as ondas sísmicas assim que começam e podem enviar alertas com poucos segundos de antecedência. Isso pode parecer pouco tempo, mas já é suficiente para que elevadores parem, trens desacelerem, pessoas deixem ambientes instáveis e sirenes sejam acionadas em áreas de risco.

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Como ocorre um terremoto?

Um terremoto acontece quando a pressão entre as placas tectônicas se acumula até o ponto em que a rocha cede, liberando uma enorme quantidade de energia.

Linhas registradas por sismógrafo durante terremoto
Leitura gráfica de uma onda de choque gerada por um terremoto (Imagem: MuhsinRina/Shutterstock)

A forma como essa energia se acumula e é liberada depende de inúmeros fatores geológicos que variam em profundidade, tipo de rocha, presença de água subterrânea, entre outros.

A falta de acesso direto a essas áreas profundas também limita o tipo de sensor que pode ser usado, dificultando ainda mais qualquer tentativa de previsão exata.

Apesar de a previsão ainda não ser possível, o monitoramento em tempo real tem evoluído bastante. Hoje, redes sísmicas com sensores ultrassensíveis são capazes de identificar até mesmo os menores tremores, e satélites ajudam a medir deformações milimétricas na crosta terrestre.

Com essas informações, é possível criar mapas de risco e orientar construções mais seguras, além de treinar populações em zonas de alta atividade sísmica para que saibam como reagir em caso de emergência.

A esperança de que um dia será possível prever terremotos com exatidão ainda existe, mas os especialistas são unânimes em afirmar que, até lá, a melhor estratégia é investir em resiliência, infraestrutura adequada, educação da população e sistemas de resposta rápida.

Afinal, enquanto a ciência busca respostas, o planeta segue seu curso natural e os terremotos continuam sendo uma das forças mais imprevisíveis e devastadoras da Terra.

Com informações de Nature.

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