Os neandertais foram extintos há 40 mil anos, mas nem por isso a curiosidade dos pesquisadores e antropólogos sobre esse hominídeo diminuiu. Até porque todas as populações atuais, fora da África, carregam cerca de 2% de DNA neandertal, o que chega a afetar o nosso sistema imunológico e até alguns hábitos cotidianos.
Uma grande questão ainda em análise é sobre a aparência dos neandertais. Vários estudos tentam desvendar se havia um fenótipo único, ou variações, e quais eram as características físicas, como a pigmentação dos olhos, cabelos e pele.
Para isso, geralmente os pesquisadores investigariam vários genes, ou seja, múltiplos materiais genéticos de pessoas neandertais, mas isso não é possível, uma vez que eles desaparecem há milênios.
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O que pode ser feito é estudar as sequências neandertais em nosso próprio DNA e tentar descobrir como elas se relacionam com as nossas características físicas. Vale lembrar que há registros de cruzamento entre os neandertais e o homo sapiens, daí advém a nossa ancestralidade com eles.
Que cor de olhos, cabelos e pele os neandertais tinham?
Uma ideia que se propaga é que os neandertais seriam ruivos. Nos humanos modernos, essa característica acontece por meio de uma mutação que reduz a eficácia de um gene chamado MC1R, que controla a produção de melanina.
Pesquisadores chegaram a encontrar uma variante diferente do gene MC1R em genes neandertais, que parecia prejudicar a sua função em um grau semelhante. Apesar desta variante não ser a mesma que causa em humanos modernos o cabelo ruivo, os cientistas começaram a suspeitar que ela pudesse ter a mesma influência.
Todo caso, essa variante nunca foi encontrada em nenhum dos genomas neandertais sequenciados desde a publicação do estudo. Isto indica que, se realmente existiram neandertais ruivos, eram bastante raros.

Recentemente, em outro estudo do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva analisou o impacto do DNA neandertal no genoma humano moderno no que se refere à cor do cabelo, olhos e pele. Os pesquisadores observaram variantes em humanos modernos associadas à cor de cabelo ruivo, mas nenhuma delas foi trazida da mistura genética com os neandertais.
No entanto, múltiplos alelos neandertais em diferentes loci, local específico de um gene ou marcador genético em um cromossomo, contribuem para a cor da pele e do cabelo dos europeus atuais, e esses alelos contribuem para tons de pele e cabelos tanto mais claros quanto mais escuros. Ou seja, essa descoberta sugere que os próprios neandertais apresentavam variação nestas características.
Danemann e sua coautora, Janet Kelso, afirmam ainda neste mesmo estudo que, assim como os humanos modernos, os neandertais claramente não tinham a mesma cor, mas variavam enormemente em sua composição genética e características fenotípicas.
E isto se dá por alguns fatores. Os neandertais se espalharam para várias regiões da Terra, ocupando localidades de Norte a Sul, em regiões mais quentes e outras mais frias, afetando diretamente a produção de melanina, por exemplo. Eles também existiram por muito mais tempo do que o homo sapiens – cerca de 300 mil a 400 mil anos – tempo suficiente para desenvolver uma ampla variedade de tons de pele.
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