Regulação da IA já existe, mas não é democrática, diz especialista

O boom da inteligência artificial fez com que a ferramenta ficasse disponível para milhões de pessoas, sendo utilizada para os mais diversos propósitos, seja em ambientes de trabalho ou na vida cotidiana da população.

No entanto, existem alguns temores relacionados ao uso da IA. Por isso, autoridades de diversos países do mundo, inclusive aqui do Brasil, defendem a regulação desta tecnologia, uma discussão que ainda deve durar um tempo.

Discussões sobre a regulação da IA estão em andamento (Imagem: Anggalih Prasetya/Shutterstock)

Grandes empresas não são transparentes no controle da IA

Em artigo publicado no The Conversation, Ergon Cugler, pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), aponta que, na verdade, já existe uma regulação da inteligência artificial. No entanto, quem controla a ferramenta são as grandes empresas.

Plataformas como OpenAI, Meta, Google e Microsoft tomam decisões constantes sobre o que seus sistemas podem ou não fazer. Elas definem, por conta própria, o que será considerado perigoso, inaceitável, verdadeiro ou impreciso. Com base em critérios opacos, decidem quais conteúdos ganham visibilidade e quais serão ocultados, quais usos são liberados e quais devem ser bloqueados. São decisões de grande impacto, tomadas de forma centralizada, sem qualquer processo democrático. Não passam por consulta pública, não estão sujeitas à legislação brasileira e não levam em conta os contextos culturais, sociais e econômicos do nosso país.

Ergon Cugler, pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

Brasil é refém das empresas “donas” da IA (Imagem: hyotographics/Shutterstock)

O especialista destaca que estas empresas frequentemente afirmam que seguem diretrizes éticas e que a tecnologia está sendo conduzida com responsabilidade. No entanto, a governança real dessas plataformas é limitada, com pouca transparência e sem mecanismos independentes de auditoria por parte da sociedade civil ou de autoridades reguladoras locais.

Em outras palavras, a ferramenta é moldada por quem a desenha, por quem a financia e por quem define seus parâmetros técnicos, comerciais e éticos. Cugler afirma que, na prática, é como viver em um condomínio sob leis criadas por estrangeiros, sem voz, sem voto e sem recurso.

Leia mais

Data Center.
Brasil precisa criar a própria infraestrutura de IA, segundo especialista (Imagem: Caureem/Shutterstock)

É preciso investir numa IA brasileira

  • Diante desse cenário, o especialista defende que a regulação da inteligência artificial é urgente e inegociável.
  • Já existem discussões do tipo no país, mas isso não basta.
  • Segundo o pesquisador, o principal objetivo deve ser a criação de um projeto de IA brasileiro.
  • Ele acredita que é preciso construir um data center nacional e sustentável, com uma inteligência artificial brasileira e plural, voltada às nossas urgências e valores.
  • Em outras palavras, precisamos é de soberania tecnológica com investimento em infraestrutura, para que o Brasil não seja apenas cliente ou colônia digital, mas protagonista da sua própria transformação.

O post Regulação da IA já existe, mas não é democrática, diz especialista apareceu primeiro em Olhar Digital.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima