Cientistas da Universidade de Michigan (Estados Unidos) criaram tecnologia que transforma dióxido de carbono (CO₂) em ingrediente essencial para a fabricação de cimento.
O processo captura CO₂ direto da atmosfera e o converte em oxalatos metálicos. Essa tecnologia permite a substituição de matérias-primas tradicionais, reduzindo drasticamente a emissão de carbono durante a produção.
Além de criar novo uso para o dióxido de carbono, essa técnica pode reduzir a extração de recursos naturais e promover modelo mais sustentável e circular na indústria da construção, abrindo caminho para inovação e novas oportunidades econômicas.
A aplicação desse método também pode incentivar o desenvolvimento de políticas ambientais mais rígidas. E, também, estimular investimentos em tecnologias verdes, acelerando a transformação do setor da construção em indústria mais responsável e alinhada às metas globais de sustentabilidade.
Potencial dos oxalatos metálicos advindos do CO₂
De acordo com o portal Interesting Engineering, os cientistas concentraram seus estudos no cimento Portland, que é o tipo de cimento mais usado no mundo. Ele é feito principalmente de calcário e minerais ricos em cálcio. A fabricação desse cimento consome muita energia e gera grande quantidade de gases que prejudicam o meio ambiente.
Pesquisas anteriores mostraram que o chumbo poderia ajudar a transformar o dióxido de carbono em material usado para fazer cimento. Mas usar muito chumbo é perigoso para o meio ambiente e para a saúde das pessoas.
Para resolver esse problema, os cientistas criaram método que usa quantidade muito pequena de chumbo; tão pouca que quase não é detectada. Essa quantidade mínima é suficiente para ajudar na reação química que transforma o dióxido de carbono em material útil para o cimento, sem causar riscos ambientais e à saúde associados ao uso de grandes volumes do metal.

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Como o processo funciona
- O método desenvolvido usa um conjunto de eletrodos para transformação do dióxido de carbono;
- Em um eletrodo, o CO₂ é convertido em íons oxalatos que se dissolvem na solução;
- No outro eletrodo, um metal libera íons que se juntam aos oxalatos, formando sólidos chamados oxalatos metálicos. Esses sólidos podem ser usados para produzir cimento de forma mais limpa;
- Segundo Charles McCrory, químico da Universidade de Michigan e um dos pesquisadores envolvidos, uma vez que o dióxido de carbono vira oxalato metálico sólido, ele se mantém estável e não volta a se transformar em CO₂ em condições normais;
- Ele também explica que a etapa de eletrólise do CO₂ já está sendo desenvolvida em escala industrial. O próximo desafio é conseguir aumentar a produção de forma eficiente.
McCrory destaca ainda que a redução da quantidade de chumbo no processo foi essencial para pensar em produção em larga escala. Usar muito chumbo não seria seguro para o meio ambiente. Por isso, o método que usa apenas uma quantidade mínima do metal é fundamental para tornar essa tecnologia viável no futuro.

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