Revolução verde: como o CO₂ está virando cimento

Cientistas da Universidade de Michigan (Estados Unidos) criaram tecnologia que transforma dióxido de carbono (CO₂) em ingrediente essencial para a fabricação de cimento.

O processo captura CO₂ direto da atmosfera e o converte em oxalatos metálicos. Essa tecnologia permite a substituição de matérias-primas tradicionais, reduzindo drasticamente a emissão de carbono durante a produção.

Técnica pode reduzir a extração de recursos naturais e promover modelo mais sustentável e circular na indústria da construção (Imagem: Salienko Evgenii/Shutterstock)

Além de criar novo uso para o dióxido de carbono, essa técnica pode reduzir a extração de recursos naturais e promover modelo mais sustentável e circular na indústria da construção, abrindo caminho para inovação e novas oportunidades econômicas.

A aplicação desse método também pode incentivar o desenvolvimento de políticas ambientais mais rígidas. E, também, estimular investimentos em tecnologias verdes, acelerando a transformação do setor da construção em indústria mais responsável e alinhada às metas globais de sustentabilidade.

Potencial dos oxalatos metálicos advindos do CO₂

De acordo com o portal Interesting Engineering, os cientistas concentraram seus estudos no cimento Portland, que é o tipo de cimento mais usado no mundo. Ele é feito principalmente de calcário e minerais ricos em cálcio. A fabricação desse cimento consome muita energia e gera grande quantidade de gases que prejudicam o meio ambiente.

Pesquisas anteriores mostraram que o chumbo poderia ajudar a transformar o dióxido de carbono em material usado para fazer cimento. Mas usar muito chumbo é perigoso para o meio ambiente e para a saúde das pessoas.

Para resolver esse problema, os cientistas criaram método que usa quantidade muito pequena de chumbo; tão pouca que quase não é detectada. Essa quantidade mínima é suficiente para ajudar na reação química que transforma o dióxido de carbono em material útil para o cimento, sem causar riscos ambientais e à saúde associados ao uso de grandes volumes do metal.

Grânulos de chumbo
Como o chumbo é prejudicial, foi utilizada apenas uma pequena quantidade dele (Imagem: Bjoern Wylezich/Shutterrstock)

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Como o processo funciona

  • O método desenvolvido usa um conjunto de eletrodos para transformação do dióxido de carbono;
  • Em um eletrodo, o CO₂ é convertido em íons oxalatos que se dissolvem na solução;
  • No outro eletrodo, um metal libera íons que se juntam aos oxalatos, formando sólidos chamados oxalatos metálicos. Esses sólidos podem ser usados para produzir cimento de forma mais limpa;
  • Segundo Charles McCrory, químico da Universidade de Michigan e um dos pesquisadores envolvidos, uma vez que o dióxido de carbono vira oxalato metálico sólido, ele se mantém estável e não volta a se transformar em CO₂ em condições normais;
  • Ele também explica que a etapa de eletrólise do CO₂ já está sendo desenvolvida em escala industrial. O próximo desafio é conseguir aumentar a produção de forma eficiente.

McCrory destaca ainda que a redução da quantidade de chumbo no processo foi essencial para pensar em produção em larga escala. Usar muito chumbo não seria seguro para o meio ambiente. Por isso, o método que usa apenas uma quantidade mínima do metal é fundamental para tornar essa tecnologia viável no futuro.

Método desenvolvido usa um conjunto de eletrodos para transformação do dióxido de carbono (Imagem: Sinhyu Photographer/Shutterstock)

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