Supertelescópio Vera C. Rubin dá “spoiler” das primeiras imagens do Universo

Nesta segunda-feira (23), serão reveladas as primeiras imagens feitas pelo Observatório Vera C. Rubin, um “supertelescópio” localizado no cume da montanha Cerro Pachón, no deserto do Atacama, a cerca de 565 km ao norte de Santiago, no Chile. A divulgação oficial será ao meio-dia (pelo horário de Brasília) – mas, já dá para ter um gostinho do que vem por aí!

A instalação abriga a maior câmera digital do mundo. Com incríveis 3.200 megapixels, ela tem o tamanho de um carro, pesa mais de três toneladas e, a partir de agora, será responsável por fornecer o maior e mais completo “mapa do céu”. 

A organização adiantou três dos registros que serão publicados daqui a pouco, durante o grande evento denominado “First Look“, que vai contar com celebrações simultâneas em vários países, em um clima de festa e grande expectativa para a comunidade científica. 

A primeira imagem divulgada pelo Observatório Vera C. Rubin mostra as nebulosas Trífida e Lagoa em detalhes sem precedentes. Crédito: Observatório Vera C. Rubin/NSF/DOE
Registro do Aglomerado de Virgem incluindo as galáxias espirais NGC 4411 e NGC 4411b. Um pouco acima, em dourado, um trio de galáxias interagindo. Crédito: Observatório Vera C. Rubin/NSF/DOE
Um pequeno trecho de uma imagem muito maior do Aglomerado de Virgem, um grupo de galáxias a cerca de 55 milhões de anos-luz da Terra. Crédito: Observatório Vera C. Rubin/NSF/DOE

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Como o Observatório Rubin vai mapear o Universo em tempo real

O Observatório Rubin é uma das iniciativas científicas mais ambiciosas da atualidade. Durante os próximos 10 anos, ele fará um registro inédito do céu do hemisfério sul, fotografando o mesmo trecho do espaço a cada três dias, em movimentos repetitivos, tirando uma foto a cada 30 segundos, o que vai ajudar no aprofundamento das pesquisas sobre o Universo.

Esse trabalho faz parte de um projeto chamado LSST, sigla em inglês para “Levantamento de Legado de Espaço e Tempo”. Diferentemente de outros telescópios que focam apenas em áreas pequenas do céu, o Rubin fará uma varredura ampla e constante. Cada imagem produzida pela supercâmera tem resolução suficiente para identificar uma bola de golfe a 25 km de distância. 

Para captar diferentes tipos de luz, a câmera usa filtros gigantes, sensíveis desde o ultravioleta até o infravermelho.

O objetivo principal é mapear a estrutura do Universo e investigar mistérios como a energia escura e a matéria escura, que juntas dominam o cosmos. O telescópio também ajudará a rastrear asteroides próximos da Terra, observar explosões de supernovas e capturar eventos raros, como a colisão de estrelas de nêutrons. Além disso, permitirá detectar mudanças no brilho de estrelas, o que pode indicar a presença de planetas ao redor delas.

O Observatório Vera C. Rubin conta com a maior câmera digital do mundo. Crédito: Jacqueline Ramseyer Orrell/SLAC National Accelerator Laboratory

Um desafio crescente será lidar com a poluição luminosa causada por milhares de satélites em órbita. As luzes refletidas por esses objetos podem deixar marcas indesejadas nas fotos. Para minimizar esse problema, a equipe do observatório está desenvolvendo softwares de correção e negociando com empresas de satélites para reduzir os reflexos. Essas soluções serão importantes não só para este projeto em específico, como também para o futuro da astronomia no geral.

O Observatório Vera C. Rubin é fruto de uma parceria entre a Fundação Nacional de Ciência dos EUA (NSF), o Departamento de Energia (DOE) e instituições de vários países. 

Grande parte dos dados coletados será de acesso público, permitindo que cientistas, estudantes e até amadores possam fazer descobertas próprias com base nas imagens captadas.

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Vera Rubin: a cientista que inspirou o nome do observatório

O nome do observatório é uma homenagem à astrônoma americana Vera Cooper Rubin. Ela foi pioneira ao apresentar as primeiras evidências sólidas da existência da matéria escura, um dos grandes enigmas da ciência moderna. Seu trabalho mudou a forma como entendemos a distribuição de massa e movimento das galáxias.

Vera Rubin
Vera Cooper Rubin foi pioneira ao apresentar as primeiras evidências da existência da matéria escura. Crédito: KPNO/NOIRLab/NSF/AURA

Vera Rubin também foi uma defensora incansável da inclusão de mulheres na ciência, enfrentando barreiras de gênero ao longo da carreira. Mesmo diante de muitos obstáculos, ela seguiu abrindo caminho para futuras gerações de astrônomas. Rubin faleceu em 2016, aos 88 anos, deixando um legado de descobertas e de luta por igualdade.

A expectativa para a divulgação das primeiras imagens é imensa. Para a comunidade astronômica, esse é um momento único, comparável ao lançamento de grandes missões espaciais. Além de desvendar mistérios do cosmos, o Observatório Rubin também deve trazer novas perguntas, mostrando que o céu ainda guarda muitos segredos a serem revelados.

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