Estudos inéditos conduzidos por cientistas do Instituto dos Laboratórios de Investigação Médica do Hospital das Clínicas da USP estão desvendando os impactos pouco explorados do tabagismo sobre o sistema musculoesquelético.
Coordenada pela Dra. Fernanda Degobbi, a equipe investigou como o cigarro afeta tecidos ósseos e cartilaginosos, além de seus já conhecidos prejuízos ao sistema respiratório.
As pesquisas apontam que o tabagismo acelera inflamações nas articulações, compromete células da cartilagem (condrócitos), reduz a produção de proteoglicanos e prejudica a matriz extracelular, enfraquecendo a estrutura das articulações.
No tecido ósseo, o cigarro reduz a densidade trabecular, estimula a reabsorção óssea e afeta a produção de colágeno tipo I, o que aumenta o risco de fraturas.
Estudos mostram danos do cigarro
- Dois estudos do grupo, publicados recentemente na revista científica Cells, destacam os mecanismos celulares por trás desses efeitos.
- Um deles mostra que a fumaça do cigarro induz a morte de condrócitos, processo parcialmente reversível com inibidores de TNF-alfa.
- O outro revela que a enzima Rho quinase, aumentada pelo tabagismo, compromete a mobilidade e aderência dos osteoblastos, células fundamentais na formação óssea — um possível alvo para novas terapias.
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Exercícios melhoram condição
Outra frente da pesquisa avaliou os benefícios do exercício físico em pacientes com problemas pulmonares graves.
O estudo clínico demonstrou que atividades aeróbicas e de força melhoram não só o condicionamento físico, mas também a resposta imune, aumentando células T reguladoras e reduzindo citocinas inflamatórias, como IL-6 e TNF-alfa.
Em paralelo, uma investigação liderada pelo ortopedista Dr. Marco Aurélio Silvério Neves analisou pacientes submetidos à artroplastia total de quadril.
O estudo mostra que, mesmo após anos de cessação do fumo, fumantes e ex-fumantes ainda apresentam maior inflamação intra-articular, redução celular na cartilagem e menor concentração de proteoglicanos.
“Ao comprometer ossos, músculos e articulações, o cigarro afeta a própria estrutura que sustenta o corpo”, alerta a Dra. Fernanda. Segundo ela, o objetivo da pesquisa é entender os mecanismos celulares e moleculares do tabagismo para desenvolver estratégias clínicas de prevenção, tratamento e reabilitação.

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