Em breve, os buracos negros poderão ser vistos em imagens coloridas, graças a um novo avanço no uso de ondas de rádio em desenvolvimento no Telescópio do Horizonte de Eventos (EHT) – uma técnica que permite observar o céu em várias frequências ao mesmo tempo.
Conhecido por registrar a primeira imagem real de um buraco negro, o EHT é uma rede global de radiotelescópios conectados por interferometria de linha de base muito longa (VLBI). Com a nova tecnologia, as antenas poderão capturar detalhes inéditos desses objetos misteriosos do Universo, que até hoje só foram retratados em tons de preto, branco e laranja.
Em poucas palavras:
- O EHT agora poderá capturar imagens coloridas de buracos negros em rádio;
- A nova técnica vai permitir observar várias frequências simultaneamente, revelando detalhes invisíveis nas imagens monocromáticas;
- Ondas de rádio possuem bandas como cores invisíveis, revelando diferentes partes dos objetos cósmicos;
- Telescópios comuns registram uma frequência por vez, distorcendo imagens de objetos que mudam rapidamente, como buracos negros;
- Com o novo método, será possível alinhar imagens em tempo real, formando registros coloridos mais precisos.
Buracos negros poderão ser vistos como nunca antes
Para entender essa novidade, é preciso saber como a cor funciona na física. A luz é formada por ondas, e cada cor tem um comprimento de onda e uma frequência específicos. Ondas longas e com frequência baixa se aproximam do vermelho. Ondas curtas e com frequência alta se aproximam do azul. Nossos olhos não veem diretamente essas medidas, mas interpretam a combinação das cores vermelha, verde e azul para formar a imagem que enxergamos.
Os radiotelescópios não enxergam luz visível, mas captam ondas de rádio vindas do espaço. Essas ondas também podem ser divididas por faixas de frequência, chamadas bandas. Cada banda funciona como uma “cor de rádio”, que revela uma parte diferente do objeto observado. Para montar uma imagem parecida com as coloridas, os cientistas precisam juntar informações de várias bandas diferentes.

O problema é que a maioria dos radiotelescópios só consegue observar uma banda por vez. Assim, é preciso registrar várias imagens separadas para cada faixa. Isso funciona bem com objetos fixos, mas não com os que mudam rápido, como buracos negros. Quando o objeto se altera entre uma captura e outra, as imagens não combinam bem, e o resultado pode sair distorcido.
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Segundo um comunicado, a nova técnica, chamada de transferência de fase de frequência (FPT), foi pensada para resolver isso. Ela permite observar duas bandas ao mesmo tempo e usar os dados de uma delas para corrigir a distorção da outra causada pela atmosfera da Terra. Isso melhora a nitidez e o alinhamento das imagens, mesmo quando o objeto muda rapidamente.
Ainda em fase de testes, a FPT já mostrou bons resultados. No futuro, poderá ser usada em projetos como o EHT de próxima geração (ngEHT) e o Explorador de Buracos Negros (BHEX), permitindo ver esses titãs cósmicos com mais clareza e em cores, como nunca antes.
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