Terra “inflável”: continentes teriam se formado com a expansão do planeta?

Antes de a explicação moderna das placas tectônicas se firmar na ciência, uma das ideias mais curiosas para explicar a formação dos continentes era a hipótese de que a Terra estaria se expandindo com o tempo. 

Como se fosse um balão inflando, o planeta teria crescido e empurrado as massas de terra umas para longe das outras. Embora hoje essa teoria esteja fora do campo científico, ela já foi levada a sério.

Durante muito tempo, os geólogos acreditavam que os continentes e oceanos eram fixos, imóveis. Montanhas, por exemplo, seriam resultado da contração do planeta, que estaria encolhendo por perder calor ao longo dos milhões de anos. Essa explicação era baseada na ideia de que a Terra esfriava como uma fruta murchando, criando rugas na superfície.

Foto da capa do livro “Vom wachsenden Erdball” (Terra em Expansao), de Ott Christoph Hilgenberg. Crédito: Helge Hilgenberg / Wikimedia Commons

A hipótese da “Terra em expansão” surgiu como uma alternativa a essa ideia. Segundo esse conceito, os continentes não se moveriam de lado, como nas placas tectônicas. Em vez disso, a crosta terrestre teria se rompido à medida que o planeta aumentava de volume. Essa expansão teria sido o motivo da separação das grandes massas continentais que antes estavam unidas.

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Hipótese tem falhas

Um dos argumentos usados pelos defensores da teoria era o encaixe perfeito entre os litorais da América do Sul e da África. Para testar isso, cientistas chegaram a construir modelos da Terra com tamanhos menores. Neles, os continentes pareciam se ajustar melhor, sem as lacunas que às vezes aparecem em reconstruções modernas da antiga Pangeia.

No entanto, os experimentos tinham falhas. Ao reduzir o tamanho da Terra, os modelos também aumentavam a deformação dos continentes. Isso não batia com as evidências geológicas observadas. Além disso, a ideia esbarrava num problema ainda maior: como explicar a energia necessária para que o planeta crescesse tanto assim?

Estudos mostram que a Terra não está ganhando massa, mas perdendo. Ela ganha pequenas quantidades de poeira do espaço, mas perde muito mais na forma de gases que escapam da atmosfera. Isso é o oposto do que seria esperado se o planeta estivesse inflando. E sem ganho de massa, não há expansão possível.

Para que a Terra aumentasse de tamanho como a teoria propõe, seria necessária uma quantidade imensa de energia – algo fora do que qualquer processo natural conhecido poderia fornecer. Não existe nenhuma fonte no sistema Terra-Lua-Sol que justificasse um crescimento desse tipo nos últimos milhões de anos.

Terra em expansão é uma pseudociência

Hoje, a hipótese da Terra em expansão é considerada pseudociência. A teoria das placas tectônicas explica muito melhor os terremotos, a formação de montanhas e o movimento dos continentes. É baseada em dados de satélites, estudos geológicos e observações do fundo do oceano, e é amplamente aceita pelos cientistas.

Teoria mais aceita sobre formação dos continentes é a das placas tectônicas. Crédito: Projeto Paleomap e Michael Chin

Mesmo assim, ainda existem defensores da expansão, à margem da ciência. Um deles sugere que a Terra foi ejetada de um planeta gigante e começou a crescer após perder sua camada de gás. Mas essa ideia exigiria que o planeta criasse massa do nada – o que fere as leis básicas da física.

No fim das contas, a hipótese da Terra inflável se tornou uma peça de museu nas teorias sobre o planeta. Curiosa, criativa e até visualmente atraente, ela serve como exemplo de como a ciência evolui: ideias nascem, são testadas e, se não se sustentam, são deixadas para trás.

Com informações do site IFLScience

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