Terraformar Marte é difícil, mas não impossível

Um estudo apresentado na 56ª Conferência de Ciência Lunar e Planetária por Leszek Czechowski, geofísico da Academia Polonesa de Ciências, mostra que terraformar Marte é extremamente difícil – mas não fora de cogitação. Com enormes desafios logísticos e tecnológicos, transformar o planeta em um ambiente minimamente habitável exigiria soluções ousadas e um esforço de longo prazo.

A principal barreira é a atmosfera rarefeita de Marte. Hoje, a pressão é tão baixa que a água no corpo humano ferveria instantaneamente. Isso significa que qualquer presença humana ali exige trajes pressurizados. Para tornar o planeta pelo menos tolerável, seria necessário aumentar muito essa pressão.

Hellas Planitia, uma depressão natural em Marte, é uma das regiões mais promissoras. Lá, a pressão é cerca de 1% da terrestre (ainda longe do ideal, mas mais próxima do mínimo necessário). Alcançar 10% da pressão da Terra já permitiria certo avanço, pois a água só ferveria a 50 °C, o que oferece alguma margem de segurança.

Para isso, seria preciso introduzir uma grande quantidade de gases na atmosfera marciana. Czechowski calculou que essa operação exigiria importar material suficiente para alterar significativamente o ambiente, o que demandaria uma quantidade colossal de energia.

Terraformação de Marte. Crédito: Daein Ballard – Wikimedia Commons (domínio público)

Asteroides podem ajudar na missão de terraformar Marte

Asteroides do cinturão principal são próximos e acessíveis, mas não contêm água nem nitrogênio em quantidade suficiente. Já a Nuvem de Oort tem material de sobra, mas está tão distante que levar um único objeto até Marte levaria cerca de 15 mil anos.

O Cinturão de Kuiper, por outro lado, aparece como a melhor alternativa. Ele abriga corpos gelados ricos em água, que poderiam ser redirecionados ao planeta em poucas décadas. Um impacto desses liberaria calor e gases, ajudando a aquecer Marte e engrossar sua atmosfera.

No entanto, redirecionar esses corpos não é simples. Ao se aproximarem do Sol, eles podem se fragmentar e perder parte do material necessário. Usar a gravidade dos planetas para guiá-los também pode ser arriscado, desestabilizando as estruturas frágeis desses objetos.

Leia mais:

A solução proposta por Czechowski é o uso de um motor iônico alimentado por fusão nuclear para conduzir esses corpos com segurança até Marte. Essa tecnologia ainda está em fase conceitual, mas não é impossível de ser desenvolvida em um futuro de médio ou longo prazo.

O pesquisador admite que métodos alternativos, como o uso de organismos geneticamente modificados para produzir gases, também são viáveis, mas igualmente exigem grandes quantidades de energia e tecnologia avançada.

Em resumo, terraformar Marte está longe de ser fácil – mas com planejamento, inovação e décadas de esforço, pode ser alcançável. Embora seja um desafio enorme, a possibilidade continua acesa para quem sonha com um planeta vermelho mais parecido com a Terra.

O post Terraformar Marte é difícil, mas não impossível apareceu primeiro em Olhar Digital.


Descubra mais sobre

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe um comentário

Rolar para cima