A transição energética se tornou um objeto global e estratégico em função dos efeitos das mudanças climáticas. No entanto, este processo não é nada simples e vai muito além do que simplesmente adotar fontes de energia renováveis.
Em artigo publicado no portal The Conversation, Gilberto M. Jannuzzi, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), destacou que é necessário um conjunto amplo e interrelacionado de transformações. E que elas se estendem aos diversos setores da sociedade.
Segurança energética também precisa ser discutida
De acordo com o especialista, a eficiência energética deve fazer parte do processo de transição energética. Opções como energia solar, eólica, eletrificação de sistemas urbanos, infraestrutura verde urbana e gestão da demanda de energia também são fundamentais.
No entanto, existem ainda grandes desafios para acelerar a implantação destes sistemas. Embora os custos de muitos delas tenham diminuído significativamente nos últimos anos, ainda persistem limitações tanto no campo regulatório, como na infraestrutura física de distribuição, armazenagem e uso final desses energéticos.

A segurança energética, por exemplo, que antes se baseava na garantia de acesso ininterrupto a fontes de combustíveis fósseis, agora precisa ser redefinida. A dependência excessiva de poucas fontes ou rotas de suprimento, seja de combustíveis fósseis ou de minerais críticos para tecnologias renováveis, pode gerar vulnerabilidades geopolíticas e econômicas importantes.
A transição energética busca, portanto, diversificar a matriz, fortalecer as cadeias de suprimentos e, idealmente, promover a autossuficiência energética em nível local ou regional, reduzindo a exposição a choques externos. Isso implica investir em armazenamento de energia, em redes elétricas mais resilientes e em tecnologias que permitam uma gestão mais inteligente da demanda.
Gilberto M. Jannuzzi, professor da Unicamp
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Opções devem ser acessíveis para a população
- Ainda segundo o professor, a sustentabilidade ambiental é outro elemento central para a transição energética.
- Embora a redução das emissões de gases de efeito estufa seja o objetivo primário, também é necessário minimizar o impacto ambiental total do ciclo de vida das tecnologias energéticas.
- Isso vai desde a extração de matérias-primas (como lítio, cobalto e terras raras), passando pela fabricação, operação, até o descarte e a reciclagem.
- Ao mesmo tempo, a acessibilidade energética, especialmente em um mundo onde bilhões de pessoas ainda vivem sem acesso confiável à eletricidade ou a formas de energia limpas para cozinhar e para conforto, deve ser uma prioridade das autoridades.
- Em outras palavras, não é apenas uma questão de onde e como produzimos nossa energia, mas também de como a consumimos, como a gerenciamos e, fundamentalmente, como reestruturamos nossas sociedades para serem mais eficientes e justas em seu uso energético.
- O especialistas destaca que apenas assim poderemos observar mudanças na velocidade e magnitude necessárias.
O post Transição energética vai além de mudar as fontes de energia apareceu primeiro em Olhar Digital.