A Gonatus antarcticus é uma lula extremamente rara que vive nas profundezas do oceano gelado da Antártida. Apesar de pesquisadores saberem sobre sua existência, ela nunca havia sido encontrada viva na natureza. Isso mudou no Natal do ano passado.
Uma equipe de cientistas do Schmidt Ocean Institute (Instituto Oceânico Schmidt, em tradução livre) estava a bordo do navio de pesquisa RV Falkor, no Mar de Weddel, no dia 25 de dezembro. Eles haviam retornado ao local após uma tentativa fracassada de testar um veículo remotamente operado no dia anterior.
A segunda viagem, porém, não foi à toa e eles receberam um presente de Natal. Enquanto estavam com o veículo na água, eles conseguiram captar imagens de uma lula que nunca havia sido vista viva antes no oceano.
Lula rara foi vista por acaso
A equipe de cientistas do Instituto Oceânico Schmidt estava a bordo do navio de pesquisa Falkor no dia 24 de dezembro. Eles planejavam levar um veículo remotamente operado chamado SuBastian até a Bacia de Powell, uma planície abissal de 3 mil metros de profundidade – e inexplorada.
Não deu certo. Naquele dia, o gelo marinho estavam se movendo rapidamente, o que colocou o navio em perigo. Eles resolveram voltar para a água no dia seguinte, 25 de dezembro, mas dessa vez em uma das extremidades da Bacia de Powell.
O SuBastian foi colocado na água e estava descendo lentamente os 2.137 metros de profundidade no oceano quando um animal passou na frente. Manuel Novillo, pesquisador de pós-doutorado no Instituto de Diversidad y Ecología Animal, que estava a bordo do navio assistindo os registros do veículo, pediu que o piloto se aproximasse.
Foi então que ele avistou a lula. Veja o vídeo:
Lula deu um verdadeiro show em frente à câmera
Conforme o veículo se aproximava da lula, ela liberou uma nuvem de tinta esverdeada (provavelmente se sentindo ameaçada com a proximidade). Mas continuou flutuando suavemente na água por dois ou três minutos, até que decidiu ir embora.
Durante o ‘show’, a equipe conseguiu medir com precisão o tamanho do animal e determinou que ele tinha quase um metro de comprimento.
Então, os pesquisadores a bordo do navio compartilharam as filmagens com Kat Bolstad, chefe do Laboratório de Ecologia e Sistemática de Cefalópodes da Universidade de Tecnologia de Auckland, conhecida por sua especialidade no assunto. Foi ela quem identificou a lula como sendo a Gonatus antarcticus.
Segundo o National Geographic, Bolstad revelou que a filmagem em questão é a primeira da lula viva em seu habitat natural.

Foi o 1ª registro do animal vivo em seu habitat
A lula já era conhecida anteriormente, mas não viva. Isso porque pesquisadores tinham análises anteriores baseadas nas carcaças do animal em redes de pesca ou no estômago de outros seres marinhos pescados.
Com base no vídeo, Bolstad e Alex Hayward (professor sênior da Universidade de Exeter,que não fez parte da expedição) conseguiram fazer algumas novas revelações sobre a lula inédita:
- Segundo Hayward, os ganchos dos tentáculos dela provavelmente são usados para agarrar e dominar presas;
- O estilo de vida da lula é um misto entre predar peixes ativamente e fugir de predadores vorazes;
- Outra característica interessante do vídeo é que a G. antarcticus tinha cicatrizes ao longo do corpo. Para Bolstad, isso significa que ela pode ter escapado de uma tentativa de predação recente;
- Não foi possível determinar o sexo do animal.
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